Existem varas críticas quanto a história de Jesus como milagreiro e Filho de Deus, duas das principais são: 1) De que o material histórico a respeito de Jesus foi alterado pela Igreja primitiva com histórias que atendessem sua necessidade urgente de um retorno imediato do mestre e atribuídas ao Jesus pré-páscoa. 2) A idéia de um Jesus totalmente divino e milagroso é uma visão helenística tardia de um simples judeu da Galileia.
A primeira crítica apresentada sustenta que o processo de seleção e formação dos evangelhos foi influenciado pelos interesses e teologia dos próprios evangelistas. Indo contra a visão dessa primeira crítica apresentada, temos a Escola de Uppssala.
A Escola de Uppsala
Essa escola sustenta a visão de que a tradição de Jesus foi moldada pela mesma base da formação da tradição oral judaica em geral. De acordo com essa escola, Jesus foi um mestre com autoridade de um rabino que ministrava a seus discípulos na condição de aprendizes. Sendo uma cultura voltada à tradição oral, seus discípulos eram capazes de memorizar uma grande quantidade de material com muita precisão.
Os discípulos de Jesus ao memorizarem os seus ensinamentos, transmitiram com fidelidade a tradição e a mantiveram praticamente inalterada.
Os argumentos da Escola de Uppsala
A relação de Jesus com seus apóstolos era igual a de um rabino com seus alunos.
Os evangelhos nasceram em um ambiente judaico onde era forte a tradição sagrada e a transmissão oral.
A função de um discípulo nos tempos de Jesus era a de um guardião autorizado, uma testemunha viva de sua tradição.
Quando os apóstolos passam adiante a tradição, eles dizem que os “entregaram” aos outros igualmente como foram “recebidos”. São exatamente os mesmos termos utilizados na tradição oral judaica para a transmissão de conhecimento.
Resposta à segunda crítica: A crença em um Jesus divino é judaica e não tardiamente helenística.
As cartas de Paulo
A maioria dos historiadores do novo testamento concordam que pelo menos sete carta das treze de Paulo na Bíblia, realmente foram escritas por ele. Grande parte dessas cartas são datadas de 49 a 65 e já exibem uma avançada cristologia, apresentando Jesus como o próprio Deus.
Martin Hengel afirma: “O tempo entre a morte de Jesus e sua cristologia totalmente desenvolvida, conforme encontramos num dos mais antigos documentos cristãos, as cartas de Paulo, é tão curto que o desenvolvimento ocorrido nesse período só pode ser considerado como assombroso”. Segundo esse mesmo escritor, as ultimas epistolas de Paulo possuem a mesma cristologia das anteriores, não demonstrando qualquer desenvolvimento evolutivo, como querem os críticos.
Credos e hinos
São registrados nas epistolas de Paulo vários credos e hinos (Rm 1. 3-4; Fp 2.6-11; Cl 1.15-8). São conteúdos pré-paulinos e muito remotos, são muitas vezes facilmente traduzíveis para o aramaico, o que significa que tais materiais foram feitos enquanto a Igreja era fortemente judaica.
Os conteúdos desses hinos já apresentam de maneira consistente um Jesus milagroso e divino que ressuscitou dos mortos, ou seja, essa concepção já estava presente desde a primeira década do cristianismo.
Referência
Racionalidade da fé cristã. J.P. Moreland
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