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Por José Domingos Martins da Trindade

Já partindo do pressuposto da existência de Deus, Descartes afirma nas Cartas de 1630-1649, que para Deus, entendimento, vontade e ação são a mesma coisa, criando com isso a noção de “Indiferença Divina”, onde nela não há precedência do intelecto à vontade.
Para Descartes, um Deus onipotente exige essa indiferença, para que suas ações possam ser totalmente arbitrárias e livres, com o poder de estabelecer verdades que para a racionalidade humana são contraditórias ou impossíveis.
Oliveira (2010 p. 143) cita um trecho da VI resposta de Descartes para falar sobre o significado de Indiferença Divina: “… não há ordem, nem lei, nem razão de bondade e de verdade que não dependa dele; de outra maneira, […] ele não teria sido totalmente indiferente a criar as coisas que ele criou” (Descartes 1, AT IX, p. 235)
Esta indiferença divina ligada à sua onipotência, levanta alguns questionamentos por parte da crítica cartesiana. Podemos observar tais questionamentos, sendo levantados na obra de Oliveira (2010, p. 144):

“O que nos leva, conseqüentemente, a perguntar pelo impacto da posição cartesiana, segundo a qual Deus não age motivado por consideração prévia de qualquer ordem: como fica a veracidade divina, se não há razão de verdade? Pode algo ser verdadeiro para Deus sem sê-lo para a coisa pensante? E a situação da racionalidade humana e do próprio racionalismo ante um Deus cujo poder, liberdade e ação são absolutamente independentes das leis às quais a razão humana sempre esteve segura de que toda a realidade obedece e está adequada?”

Essas indagações, levarão a alguns comentadores, taxar de irracionalista o pensamento de Descartes. Para a conciliação desse dilema, propomos a Fé como complemento ao pensamento de Descartes para que Deus seja ao mesmo tempo onipotente e racional.


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