Se na Alemanha a Reforma Protestante e as lutas que se seguiram contribuíram para dividir o País e limitar o poder da Monarquia para com os nobres, na Escandinávia sucedeu justamente o contrário, pois os reis abraçaram a Doutrina Protestante e o triunfo dela também foi o triunfo deles.
Na Teoria, Suécia, Noruega e Dinamarca formavam apenas um reino. Na realidade o rei era só o da Dinamarca, onde morava. Na Noruega seu poder ela limitado e era nulo na Suécia, onde a poderosa casa de Sture, com o título de regentes, dominava o país. Até mesmo na Dinamarca o poder real era limitado pela Aristocracia e pelo clero que se agarravam aos seus privilégios limitando o poder real.
Também ocorria que a Coroa era eletiva, e portanto, o soberano tinha que ceder às pressões dos magnatas e clérigos para que fosse reeleito e o povo também era oprimido por essa Aristocracia que era a grande responsável por cargas onerosas e grandes impostos.
Ao eclodir a Reforma na Alemanha, quem ocupava o trono na Escandinávia era Cristiano II, cunhado de Carlos V. Visto que os suecos não lhe permitiam ter o comando de seu país, o rei apelou a seu cunhado e a outros príncipes e com recursos estrangeiros invadiu a Suécia e se fez coroar em Estocolmo.
A Matança de Estocolmo
Apesar de um acordo, poucos dias depois, o rei ordenou a Terrível “Matança de Estocolmo”, na qual executou os principais nobres e clérigos do país. A matança em Estocolmo repercutiu também na Dinamarca e Noruega pois os os nobres desses países começaram a temer que o Rei também fizesse isso com eles.
Apesar de que um dos principais propósitos nessa chacina, fosse livrar o povo da opressão em que estava submetido, por parte dos Nobres e Prelados, a propaganda contrária fez com que o Rei perdesse popularidade.
Cristiano então buscou utilizar o Movimento Reformador como instrumento de sua política. Nessa época já surgiam os primeiros pregadores luteranos na Dinamarca e o povo estava propenso a acolher as novas doutrinas.
No entanto, Cristiano acabou desagradando a todos, pois os Clérigos não gostaram de sua aproximação com o protestantismo e por outro lado o partido protestante também não confiava no autor do Massacre em Estocolmo. Ao explodir uma rebelião, Cristiano teve que fugir, mas oito anos depois de sua fuga, com o apoio de vários senhores católicos de outros países, ele desembarcou na Noruega e se declarou defensor da causa católica.
Frederico I
No entanto, o seu sucessor que também era seu tio, Frederico I, derrotou-o e o prendeu, condição na qual ficou até morrer, 27 anos depois.
Ao subir ao trono, Frederico I prometera não atacar o catolicismo, nem introduzir a Reforma Protestante no País. Contudo, ele era um luterano e os novos tempos pendiam para o protestantismo no país. A política do novo soberano foi abster-se de intervenções em questões religiosas e de edificar seu poder na Dinamarca, renunciando o poder sobre a Suécia e permitindo a Noruega escolher seu próprio rei.
Enquanto tudo isso acontecia, o protestantismo ia se fortalecendo no país, tanto entre o povo como entre os nobres. Até que em 1527 na dieta de Odense, o protestantismo foi oficialmente reconhecido e tolerado. Não satisfeitos com essa situação, após a morte de Frederico em 1533, o partido católico com ajuda estrangeira tentou impor um rei católico.
O pretendente católico saiu derrotado, e o novo rei, Cristiano III, que havia participado da dieta de Worms, sendo um luterano convicto, tomou medidas para que todo país se tornasse protestante. Após tolher o poder dos bispos, pediu a Lutero que enviasse alguém para a obra da Reforma no país, e posteriormente a igreja local subscreveu a Confissão de Augsburgo.
Gustavo Vasa
Na Suécia, no entanto, os acontecimentos tomaram rumo inesperado. Antes, quando Cristiano II apoderou-se do país, entre os aprisionados havia um sueco de nome Gustavo Eriksson, conhecido popularmente como Gustavo Vasa. Ele escapou, e no estrangeiro começou a articular contra Cristiano.
Quando soube da matança de Estocolmo, em que morreram vários de seus parentes, regressou ao país secretamente, trabalhando como diarista e vestido pobremente, conseguiu arregimentar forças junto à população humilde e finalmente levantou armas no comando de um bando desorganizado. Paulatinamente, seu nome foi se tornando uma lenda e em 1521, os rebeldes o proclamaram regente, e rei dois anos depois.
O rei Gustavo tomou fortes medidas contra os Prelados, tratando sempre de não se indispor com os nobres, porém conquistando a simpatia dos camponeses e cidadãos. Os bispos, no entanto, iniciaram uma rebelião, mas foram derrotados, e seus dois chefes foram julgados e condenados à morte, mas os que os seguiram obtiveram perdão.
O Rei também convocou uma Assembleia Nacional em que havia não só representantes da nobreza e do clero, mas também representantes dos camponeses e dos burgueses comuns. Mas o Clero juntamente com a Nobreza conseguiu rechaçar as medidas reformadoras propostas pelo rei e este então renunciou alegando que a Suécia não estava preparada para ter um verdadeiro rei.
O caos então toma conta do país e a Assembleia implora a Gustavo Vasa que aceite a Coroa novamente, o que o fez, com isso os prelados ficaram desamparados de suas pretensões. O Clero perdeu todo seus privilégios e poder político, quando Gustavo Vasa morreu em 1560, o país era protestante, com uma hierarquia eclesiástica luterana e a monarquia deixava de ser eletiva para tornar-se hereditária.
Referência
História Ilustrada do Cristianismo. Justo L. Gozalez
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A Reforma Protestante na Escandinávia (Dinamarca, Suécia e Noruega) — Exateus | · 27/08/2022 às 12:18
[…] A Reforma Protestante na Escandinávia (Dinamarca, Suécia e Noruega) — Exateus […]