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Por José Domingos Martins da Trindade

adoraçao

Tendo seu gérmen no Racionalismo de Descartes, uma divisão criou-se no pensamento contemporâneo entre mente e coração, ou entre razão e emoção. A fé não é vista como algo racional, há o entendimento até mesmo entre cristãos que a fé é algo irracional.
Porém, notamos na Bíblia que essa distinção não existe, a fé que aparece na Bíblia é altamente racional. Segundo Myatt & Ferreira (2002, p. 9) Anselmo Arcebispo de Cantuária orou assim:

Senhor, agradeço-te por me teres criado segundo a tua imagem, para que te conheça e ame. Mas essa imagem se acha de tal modo corrompida por pecados, que não consegue cumprir a tarefa para a qual Foi criada, a não ser que tu a renoves e recries através da fé em teu Filho crucificado, Jesus Cristo. Desejo apenas entender uma pequena parcela de tua verdade, que meu coração crê e ama. Pois não procuro compreender para poder crer, antes, creio para poder compreender.”

Na Palavra Revelada de Deus, o coração é a sede das emoções, e da racionalidade, Myat & Ferreira (2002, p. 9) citam várias passagens bíblicas em sua obra para enfatizar essa afirmação:

“O coração é a sede das emoções, seja de alegria (Dt 28.47) ou de dor (Jr 4.19), da tranqüilidade (Pv 14.30) e da raiva (Dt 19.6), etc. É a sede do entendimento e do conhecimento, das forças e poderes racionais (I Rs 3.12; 4.29), bem como de fantasias e visões (Jr 14.14).”

A fé é o mais alto tipo de conhecimento, sendo que a própria ciência física também utiliza a fé como apoio. Os cientistas trabalham com fé em convicções primárias, como: espaço, tempo, causa e substancia.
A ciência não pode ser invalidada por se utilizar da fé como pressuposto, como podemos notar nas palavras de Strong (2010, p. 32):

Nem por isso a ciência física é invalidada, porque tal fé, embora diferente da percepção sensorial ou demonstração lógica, é ainda um ato cognitivo da razão e pode ser definido como certificação relativa à matéria em que a verificação é impossível.

A fé é um conhecimento inseparável ao estado de santidade, por isso é inseparável do amor à própria Divindade. Sobre como se pode conhecer a Deidade, continuamos com Strong (2010,p. 33)

Não podemos conhecer uma laranja só de olhá-la; para entendê-la, é tão necessário saboreá-la quanto vê-la. A matemática do som não pode nos dar entendimento da música; é necessário também ouvi-la. Somente a lógica não pode demonstrar a beleza do pôr-do-sol, ou de um caráter nobre; o amor ao belo e à justiça antecede o conhecimento do belo e da justiça.

A fé baseia-se em informações confiáveis para a verdade da existência de Deus. O cristão não tem uma fé cega na existência de um Criador, mas têm a Escritura como a Palavra de Deus Inspirada e a própria Revelação de Deus na natureza.
De acordo com Berkhof (2010 p. 12):

A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “No principio criou Deus os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como o sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivíduos e nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso propósito de redenção

As palavras e atos da Escritura Sagrada tornam a nossa fé na Existência de Deus uma fé Racional. E é somente pela fé que podemos aceitar a Revelação da existência de Deus.
O incrédulo não pode conhecer a Deus “… porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos que buscam”. (Hb 11.6) O homem natural não pode conhecer a Deus.
Berkhof (2010) exprime bem a situação de ignorância do homem natural em relação a Deus, citando as palavras de Paulo:

Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação, (1º Coríntios 1.20, 21.)


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