Tenho visto “neguinho” abusando do termo “neocon”, para designar o que seria na verdade a “Nova Direita Brasileira”, a esquerda chama qualquer direitista de neocon, e a direita chama de neocon qualquer direitista que tente relativizar qualquer coisa. A verdade é que o termo neocon não pode ser aplicado à sociedade brasileira, porque o termo se refere a uma linha da política estadunidense que engloba tanto membros do partido republicano como do partido Democrata. Além do mais o termo é aplicando geralmente a políticos ou pessoas proeminentes dos EUA. É lógico que etimologicamente o termo significaria uma espécie de novo conservador! Mas como a palavra já existe, no Brasil ela se tornaria um neologismo do neologismo.
Quem melhor explica o que é um neocon é o articulista protestante Júlio Severo, trago agora suas explicações retiradas de um artigo seu, o qual recomendo, intitulado: O que é neoconservadorismo (neocon)? Triste que esse artigo também foi republicado no site do portal evangélico Gospel Prime, mas quase não teve repercussão, diferente quando o assunto é mais banal e obtêm centenas de comentários no site. Não vou colocar o artigo na integra, apenas os pontos mais importantes para a compreensão, no fim deixo o link, vamos lá:
O que é um neocon? Os neocons (ou neoconservadores) estão presentes nos dois grandes partidos dos EUA, o Partido Democrático (que é totalmente esquerdista) e o Partido Republicano (que é mais ou menos conservador), e seu foco e prioridade não é conservar valores pró-vida, pró-família e cristãos. Eles querem conservar e expandir a hegemonia militar e política dos EUA no mundo inteiro. Os neocons trabalham com qualquer presidente americano que tenha esse foco, seja um Bush direitista ou um Obama esquerdista.
O neoconservadorismo dos EUA foca na política externa como sua principal preocupação, para manter os Estados Unidos como a única superpotência moldando a Nova Ordem Mundial.
Durante a era da Guerra Fria, a maioria dos neoconservadores se opunha vigorosamente à União Soviética. Ainda que a maioria dos neocons seja contra o comunismo, a ideologia deles, que não dá nenhuma prioridade aos valores cristãos que fundaram os EUA, é basicamente socialista, exceto pelo exacerbado nacionalismo belicista e expansionista. Hillary Clinton é um exemplo. Ela se opõe a Coreia do Norte, uma nação oficialmente comunista. Ela é apoiada pela maioria dos conglomerados capitalistas do mundo, mas ela se opõe aos valores pró-família e cristãos. Até certo ponto, ela é capitalista. Até certo ponto, ela é socialista. Mas em todos os pontos, ela é neocon.
Na política americana, um neoconservador é alguém que é apresentado como conservador, mas que geralmente não participa da Marcha pela Vida (contrária ao aborto) e não defende o casamento tradicional. Os neocons enfatizam colocar os EUA em primeiro lugar num nacionalismo muito militarista. Eles apoiam atacar e até derrubar governos estrangeiros, mesmo quando o resultado é mais perseguição aos cristãos. Alguns neocons ganham lucros imensos do complexo industrial militar dos EUA.
A prioridade mais elevada dos neoconservadores tem sido aumentar a ação militar dos Estados Unidos no Oriente Médio e expandi-la para um confronto com a Rússia. Há uma porta giratória entre alguns neocons e cargos de salários elevados na indústria bélica dos EUA, o que pode explicar por que os neoconservadores constantemente reivindicam mais guerras.
Os neoconservadores favorecem um dispendioso intervencionismo em outros países com enormes gastos do governo federal, muitas vezes para substituir um ditador por um novo sistema de governo que pode ser pior, principalmente para os cristãos. Às vezes esse intervencionismo é expresso como um desejo de instalar uma democ
racia numa cultura incompatível com ela.
A postura neoconservadora ficou desacreditada no fracasso da democracia no Iraque, Líbia e Afeganistão. Em todas essas nações, que abrigavam comunidades e igrejas cristãs, uma medida de tolerância foi substituída pelo radicalismo islâmico e eliminação de cristãos depois das intervenções dos EUA, e hoje não sobrou nenhuma igreja cristã no Afeganistão.
Em contraste com os conservadores tradicionais, os neoconservadores favorecem o globalismo por meio da hegemonia dos EUA, minimizam a importância dos valores cristãos e tendem a não se opor de forma enérgica ao aborto e à agenda homossexual. Os neocons não se importam com o alicerce evangélico dos EUA e não se importam de fazer alianças com grupos terroristas islâmicos para confrontar a Rússia. Os neocons favorecem intervenções americanas fortes e enérgicas nos assuntos mundiais.
Em política externa, os neoconservadores acreditam que a missão dos Estados Unidos é instalar a democracia no mundo inteiro. Ao realizar essa missão, os dois Bushes falavam sobre uma Nova Ordem Mundial.
Os neoconservadores diferem dos libertários em que os neoconservadores tendem a apoiar políticas de um governo grande para promover seus objetivos militares.
Uma simples pesquisa do Google mostra que os católicos são predominantemente mencionados como predominantemente envolvidos em políticas e geopolítica neocon.
Uma pesquisa para “neoconservadores católicos” dá 3.100 resultados.
Uma pesquisa para “neoconservadores evangélicos” dá só 43 resultados.
Uma pesquisa para “neoconservadores protestantes” dá só 4 resultados.
Evangélicos e protestantes, nessa pesquisa, perfazem cerca de 1 por cento dos neocons cristãos. Religiosamente, os católicos estão na linha de frente do movimento neoconservador.
Não se sabe por que os católicos sacrificariam valores cristãos, pró-vida e pró-família por uma política externa de intervencionismo ideológico e expansionismo dos EUA que massacram outros cristãos. Por exemplo, na Guerra do Iraque milhares e milhares de cristãos foram sacrificados na esteira da invasão dos EUA, aprovada pelo direitista Bush. Mais tarde, o esquerdista Obama expandiu o sacrifício quando sua secretária de Estado esquerdista Hillary Clinton ajudou a criar o ISIS, que vem torturando, estuprando e massacrando multidões de cristãos no Iraque e Síria.
A política externa dos EUA, conduzida por neocons no Partido Republicano e no Partido Democrático, tem sido muito ruim para os cristãos no Oriente Médio.
A maioria dos cristãos massacrados na Síria e Iraque são cristãos ortodoxos. Pelo fato de que poderosos neocons americanos são católicos, alguns poderiam questionar se eles aprovariam tal invasão, intromissão e massacres na Síria e Iraque se os cristãos ali fossem exclusivamente católicos.
A verdade é que os EUA têm sido suaves com o terrorismo islâmico contra os cristãos no Oriente Médio do mesmo jeito que o Vaticano tem sido suave.
Um conflito entre potências cristãs, motivado por uma hostilidade milenar entre católicos e ortodoxos, mas mascarada como preocupações insinceras com o comunismo da extinta União Soviética, é tudo o que o islamismo precisa para avançar mais e manter seu martírio anual de 100.000 cristãos.
O mesmo Vaticano que é suave com o islamismo está agora alinhado, em termos de domínio mundial, com o governo dos EUA. Há obras acadêmicas que confirmam que o Vaticano está bem ligado dos EUA. Aliás, a sobrevivência do Vaticano Igreja-Estado vem dependendo dos EUA.
A grande pergunta é: Como uma nação que nasceu essencialmente protestante e pró-Israel e pró-judeus se uniu com um Estado-Igreja historicamente contra Israel e contra os judeus?
Por séculos, os católicos defenderam um nacionalismo italiano (e uma maioria esmagadora dos papas era italiana) porque o Vaticano estava ligado à Itália. Hoje, os católicos, até mesmo no Brasil, a maior nação católica do mundo, defendem um nacionalismo americano belicista exacerbado. Por que? Pela mesma velha razão: O Vaticano hoje está ligado aos Estados Unidos em muitos aspectos e ambições.
Havia uma época, antes da fundação da União Soviética, em que os católicos, até mesmo os católicos americanos, queriam a supremacia do Vaticano. Agora os católicos fortemente envolvidos no movimento neocon querem a supremacia dos EUA, não em defesa pró-família, mas exclusivamente em hegemonia militar e política? Por que?
A maior parte das suspeitas americanas sobre a atual Rússia vem de neocons católicos. Os católicos têm tido suspeitas por mil anos sobre a Igreja Cristã Ortodoxa. E hoje a maior nação cristã ortodoxa do mundo é a Rússia. Antes do nascimento da União Soviética, eles tinham suspeitas da Rússia — por razões religiosas. Durante a União Soviética, eles tinham suspeitas, com justiça partilhadas pelos evangélicos, por causa do marxismo soviético. Mas depois da queda da União Soviética, por que as suspeitas deles continuam?
Eles tinham muitas suspeitas da sociedade capitalista americana majoritariamente evangélica, mas eles venceram esse preconceito. Por que não em relação a uma Rússia cristã ortodoxa que está lutando pelos mesmos valores pró-família como uma América de Reagan faria?
O candidato presidencial republicano Donald Trump tem pela primeira vez na história dos EUA confrontado os neocons no Partido Democrático e no Partido Republicano. Ele não é conservador no sentido cristão de ter um histórico de defesa pró-família, mas ele não tem o ativismo neocon de Hillary Clinton, compartilhado por George H. W. Bush e muitos outros republicanos, para conservar e expandir a hegemonia militar e política dos EUA, principalmente por meio da OTAN, às custas de valores cristãos e até de vidas cristãs.
A demonização de Putin e da Rússia é a essência das paixões neocons.
Enquanto Trump tem elogiado a Rússia e os assessores de Trump estavam apoiando forças pró-Rússia na Ucrânia, os neocons têm abertamente louvado a revolução ucraniana como o melhor exemplo democrático contra uma ditadura. A revolução ucraniana foi a maior revolução de Soros, tendo sido financiada em massa por ele.
Obama e seus neocons querem a Ucrânia na OTAN e estão dispostos a fazer guerra para conseguir isso. Em contraste, Trump não tem mostrado, até agora, nenhuma disposição de seguir as paixões neocons para iniciar uma guerra na Ucrânia contra a Rússia.
Conclusão:
Parece que Olavo de Carvalho trouxe e implantou muito da ideologia neocon no Brasil, como o ódio a Rússia e a dominância católica numa dita direita brasileira, o que diferencia dos neocons americanos é a luta pró-família que acaba soandro como falso moralismo diante das atitudes de muitos membros da direita brasileira, como vícios, bebedeiras e prostituição! Há na direita brasileira uma corrente minoritária que não gosta do americanismo que tentam pregar uma direita de origem ibérica, mas na verdade isso é ilusão já que tanto Portugal como Espanha fazem parte da OTAN e fazem tudo que os EUA mandam!
Referência:
http://juliosevero.blogspot.com.br/2016/11/o-que-e-neoconservadorismo-neocon.html
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