Filosofia Taoista

A Filosofia Taoista é uma das mais antigas e influentes correntes de pensamento da China, que se baseia na observação e na experiência da natureza, buscando compreender e seguir o seu fluxo e a sua ordem.

O seu nome deriva do termo Tao, que significa “caminho”, “via” ou “princípio”, e que representa a realidade última, inefável e misteriosa, que está por trás de todas as manifestações do universo.

Origem e história da Filosofia Taoista

A Filosofia Taoista tem as suas raízes na cultura e na religião tradicional chinesa, que remonta ao período pré-histórico, e que envolve o culto aos ancestrais, aos espíritos da natureza, à astrologia, à alquimia, à medicina e às artes marciais.

Essa tradição se desenvolveu ao longo dos séculos, incorporando elementos de outras escolas filosóficas, como o Confucionismo e o Budismo, e dando origem a diversas seitas e movimentos religiosos.

O fundador histórico da Filosofia Taoista é considerado Laozi, ou Lao-Tsé, que significa “Velho Mestre”, um sábio que teria vivido no século VI a.C., durante o período dos Reinos Combatentes, uma época de grande instabilidade política e social na China.

Laozi é o autor do Tao Te Ching, ou Daodejing, que significa “O Livro do Caminho e da Virtude”, a obra mais importante e clássica do Taoismo, que contém 81 capítulos curtos e poéticos, que expressam os princípios e as práticas da Filosofia Taoista.

Segundo a lenda, Laozi teria trabalhado como arquivista na corte do rei Zhou, onde teria conhecido e influenciado Confúcio, o fundador do Confucionismo.

Desiludido com a decadência e a corrupção da sociedade, Laozi teria decidido abandonar o seu cargo e se retirar para as montanhas, em busca da sabedoria e da iluminação.

No caminho, ele teria sido abordado por um guarda da fronteira, chamado Yinxi, que lhe pediu para escrever os seus ensinamentos, antes de partir.

Assim, Laozi teria escrito o Tao Te Ching, e entregue ao guarda, antes de desaparecer no horizonte.

A Filosofia Taoista se difundiu na China, atraindo muitos seguidores, que se dedicavam ao estudo e à prática dos seus ensinamentos, buscando alcançar a harmonia com o Tao, a longevidade e a imortalidade.

A Filosofia Taoista também inspirou muitos artistas, poetas, músicos, calígrafos e pintores, que expressavam a sua visão de mundo e a sua sensibilidade através das suas obras.

A Filosofia Taoista também se transformou em uma religião organizada, com templos, sacerdotes, rituais, deuses, santos e textos sagrados.

A primeira seita religiosa taoista foi fundada no século II d.C., por Zhang Daoling, que se intitulava o “Mestre Celestial”, e que afirmava ter recebido uma revelação de Laozi, que lhe confiou a missão de restaurar o Tao na terra.

Essa seita, chamada de “Caminho dos Mestres Celestiais”, se opunha ao domínio da dinastia Han, e liderou várias rebeliões contra o governo imperial.

Seitas Taoistas

Outras seitas religiosas taoistas surgiram ao longo da história, como o “Caminho da Suprema Paz”, o “Caminho da Ordem Ortodoxa”, o “Caminho da Nuvem Branca”, o “Caminho da Perfeição Completa”, entre outras.

Essas seitas se diferenciavam em alguns aspectos doutrinários, organizacionais e rituais, mas mantinham a mesma base filosófica e ética do Taoismo original.

A Filosofia e a Religião Taoista tiveram momentos de ascensão e de declínio na China, dependendo do contexto histórico e da atitude dos governantes.

Em alguns períodos, o Taoismo foi favorecido e apoiado pelo poder imperial, como nas dinastias Tang e Song, que adotaram o Taoismo como religião oficial.

Em outros períodos, o Taoismo foi perseguido e reprimido, como nas dinastias Yuan e Qing, que eram de origem mongol e manchu, respectivamente, e que favoreciam o Budismo e o Islamismo.

No século XX, o Taoismo sofreu um grande golpe com a instauração da República Popular da China, em 1949, que adotou o comunismo como ideologia, e que promoveu uma campanha de erradicação das religiões tradicionais, consideradas como obstáculos ao progresso e à modernização do país.

Muitos templos, mosteiros, livros e obras de arte taoistas foram destruídos, e muitos sacerdotes, monges e praticantes foram presos, torturados e mortos.

A partir da década de 1980, com a abertura política e econômica da China, o Taoismo começou a ser tolerado e até incentivado pelo governo, como parte da recuperação e da valorização da cultura e da identidade nacional.

Atualmente, o Taoismo é reconhecido como uma das cinco religiões oficiais da China, junto com o Budismo, o Confucionismo, o Islamismo e o Cristianismo, e conta com cerca de 20 milhões de adeptos no país, além de milhões de simpatizantes e praticantes em outras partes do mundo.

Conceitos e práticas da Filosofia Taoista

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A Filosofia Taoista se baseia em alguns conceitos e práticas fundamentais, que orientam a sua visão de mundo e a sua forma de viver. Alguns desses conceitos e práticas são:

Tao:

É o conceito central e mais importante da Filosofia Taoista, que significa “caminho”, “via” ou “princípio”. O Tao é a realidade última, inefável e misteriosa, que está por trás de todas as manifestações do universo.

O Tao é a fonte, a origem e o destino de todas as coisas, que se movem e se transformam de acordo com a sua ordem e o seu fluxo.

O Tao é imanente e transcendente, imutável e mutável, absoluto e relativo, vazio e pleno, uno e múltiplo, eterno e temporal. O Tao não pode ser definido, descrito ou nomeado, mas apenas experimentado e intuído.

O Tao é o caminho que o sábio deve seguir, para se harmonizar com a natureza e consigo mesmo.

Te:

É o conceito que significa “virtude”, “poder” ou “qualidade”. O Te é a expressão, a manifestação e a realização do Tao em cada ser e em cada coisa.

O Te é a potencialidade, a capacidade e a eficácia de cada ser e de cada coisa, de acordo com a sua natureza e a sua função. O Te é a força, a energia e a harmonia que emanam de cada ser e de cada coisa, quando estão em sintonia com o Tao.

O Te é a virtude que o sábio deve cultivar, para se alinhar com o Tao e agir de forma espontânea, natural e adequada.

Wu-wei:

É o conceito que significa “não-agir”, “não-intervir” ou “não-forçar”. O Wu-wei é a atitude, a postura e a prática do sábio, que consiste em não agir contra o Tao, mas sim seguir o seu fluxo e a sua ordem.

O Wu-wei é a ação sem ação, a ação sem intenção, a ação sem esforço, a ação sem resistência, a ação sem apego, a ação sem expectativa.

O Wu-wei é a ação que se adapta, se ajusta e se harmoniza com as circunstâncias, sem interferir, sem controlar e sem manipular.

Yin e Yang:

São os conceitos que representam os dois elementos opostos e complementares que compõem o universo. O Yin é o princípio feminino, passivo, escuro, frio, úmido, negativo, interior e receptivo.

O Yang é o princípio masculino, ativo, claro, quente, seco, positivo, exterior e criativo. O Yin e o Yang estão em constante movimento e interação, gerando e equilibrando todas as coisas.

O símbolo do Yin e do Yang é um círculo dividido em duas partes iguais, uma preta e uma branca, com um ponto da cor oposta em cada uma, indicando que cada elemento contém a semente do outro, e que nenhum é absoluto ou superior ao outro.

O equilíbrio entre o Yin e o Yang é a condição para a saúde, a harmonia e a prosperidade.

Cinco Elementos:

São os conceitos que representam as cinco fases ou transformações da energia no universo. Os Cinco Elementos são: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água.

Cada elemento tem características, qualidades, órgãos, cores, sabores, direções, estações, emoções e animais associados.

Os Cinco Elementos se relacionam entre si de forma cíclica e dinâmica, podendo se gerar, se controlar ou se destruir, dependendo da situação.

A compreensão dos Cinco Elementos é a base para diversas ciências e artes taoistas, como a medicina, a astrologia, a alquimia, a geomancia, a acupuntura, o feng shui, o tai chi chuan, entre outras.

Imortalidade:

É o conceito que representa o objetivo supremo dos taoistas, que consiste em transcender os limites da vida e da morte, e alcançar a união com o Tao.

A Imortalidade não é entendida como uma simples extensão da vida física, mas como uma transformação espiritual, que implica em libertar-se do ciclo de reencarnações, das paixões, dos apegos e das ilusões.

Para atingir a Imortalidade, os taoistas se dedicam a diversas práticas, como a meditação, a respiração, a alimentação, a alquimia, a sexualidade, entre outras, que visam purificar, fortalecer e refinar o corpo, a mente e o espírito, até se tornarem um com o Tao.

Meditação:

É a prática que consiste em aquietar a mente, concentrar a atenção e contemplar a realidade, de forma a se harmonizar com o Tao, desenvolver a sabedoria e a compaixão, e alcançar a Imortalidade.

A meditação taoista pode ser realizada de diversas formas, como sentado, deitado, em pé, caminhando, cantando, dançando, entre outras, dependendo da escola, da seita ou da preferência do praticante.

A meditação taoista pode envolver o uso de mantras, imagens, sons, cores, formas, números, símbolos, entre outros, como objetos de concentração e visualização.

A meditação taoista pode também se basear na observação e na atenção plena da respiração, das sensações, dos pensamentos, das emoções, dos órgãos, dos meridianos, dos chakras, entre outros, como meios de purificação e de integração do corpo e da mente.

Conclusão

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A Filosofia Taoista é uma tradição de origem chinesa que enfatiza o viver em harmonia com o Tao, a fonte e o princípio de todas as coisas.

A Filosofia Taoista se baseia na observação e na experiência da natureza, buscando compreender e seguir o seu fluxo e a sua ordem.

A Filosofia Taoista se expressa em diversos conceitos e práticas, como o Tao, o Te, o Wu-wei, o Yin e o Yang, os Cinco Elementos, a Imortalidade e a Meditação.

A Filosofia Taoista é uma forma de ver e de viver o mundo, que propõe uma atitude de simplicidade, de naturalidade, de espontaneidade, de flexibilidade, de adaptação, de equilíbrio, de harmonia, de paz e de felicidade.

A Filosofia Taoista é uma arte de viver, que ensina a arte de morrer, e que conduz à arte de renascer.


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