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Além das incontáveis matérias do Jornal Hoje, do Jornal da Globo e outros conhecidos jornais de grande alcance, e além dos estúpidos comentários de Arnaldo Jabor sobre o assunto, hoje tivesse acesso a dois artigos “jornalísticos” que são, de fato, uma lástima. Reitero aqui, pela quarta vezes nesse mês, que o jornalismo brasileiro de verdade já morreu, só falta ser enterrado. O que existe hoje é meramente uma carcaça que finge fazer jornalismo.

No G1, o blog “Mundo Sustentável” (já sabemos a posição política do autor) postou um artigo que é o maior absurdo lido até agora: “No reino da intolerância“, de André Trigueiro, gestor ambiental e “jornalista”. Outra grande bizarrice foi o artigo postado na Folha de São Paulo, o jornal mais vendido do país, cujo título tenta pescar os incautos que por acaso sejam fãs da série Game of Thrones, grande sucesso da HBO. O título diz tudo: “Saída do Reino Unido da UE pode deixar Game of Thrones sem verba.” Como este artigo não é assinado por ninguém, suponho que tenha sido ideia da própria “entidade” da linha editorial da Folha.

Aqui, pretendo mostrar como são e onde estão as más intenções desses profissionais de manipulação, que não possuem compromisso algum com a verdade e com os fatos, mas com uma agenda política e partidária.

O primeiro texto, de André Trigueiro, começa com a seguinte frase:

“Há vários motivos para se lamentar a saída do Reino Unido (mais desunido do que nunca) da União Européia. O menor continente do planeta é historicamente o mais salpicado de guerras e litígios por metro quadrado.Quando o Tratado de Maastricht instituiu a União Européia em 1993, a Humanidade experimentava a utopia da paz entre 27 países distintos, desiguais, porém sujeitos desde então às mesmas regras gerais (que extrapolam apenas a unidade monetária).” [Destaques meus]

Em primeiro lugar, o autor quer induzir o leitor a pensa que havia, antes da União Europeia, um conflito interminável entre todos os países europeus, o que por si só já é uma imensa mentira. A verdade mesmo é que a UE só foi possível, justamente, porque estes países estavam em paz há bastante tempo e seus governos não possuíam rixas uns com os outros. Depois, a Europa não é o continente mais “salpicado de guerras e litígios”, este é o continente africano, em que diversos países vivem há décadas em conflito armado, guerra civil e disputas tribais sangrentas. Isso, é claro, além das disputas territoriais islâmicas, que tem causado conflitos violentos por toda parte muito além do oriente médio.
Ele continua:

“O êxito dos separatistas britânicos parece ter origem na aversão à chegada maciça de imigrantes[…]”

Aqui, o manipulador calhorda tenta induzir o leitor a pensar que toda a motivação britânica para sair da UE é apenas a xenofobia. Sem contar, é claro, que a preocupação geral nunca foi tanto com os imigrantes em si, mas com o terrorismo. Depois dos atentados bem sucedidos na França, todos praticados por grupos ligados a imigrantes muçulmanos, é natural que as pessoas tenham medo. Não é como se tivesse medo de pessoas diferentes, elas têm medo de morrer, de perder entes queridos, coisas naturais.

Ignorar, por exemplo, questões econômicas que vinham prejudicando a Inglaterra há anos, é por si só evidência de desonestidade. Desprezar de propósito o fato de que a maioria dos pobres votou a favor da saída, enquanto os votos contrários vieram justamente das classes média e alta, é outra evidência disso. Ainda bem que André é apenas gestor ambiental, talvez para isso ele sirva. Jornalismo é uma profissão que deveria ser levada a sério, por isso jornais não deveriam contratar indivíduos incapazes de justificar margens de textos e colocar uma paragrafação minimamente decente.

O restante do artigo é ainda mais lixo. Ele basicamente tenta fazer um paralelo tosco entre Donald Trump e os malignos conservadores e liberais britânicos, fala mais uma vez em xenofobia e outras baboseiras do gênero. Como disse antes, não é um jornalista, é um ideólogo e dos mais fajutos.

O outro artigo, da Folha de São Paulo, é bem mais simples de entender. Nele o componente principal é a intenção de fazer com que alguém leigo e que por acaso goste da série Game of Thrones fique contra o BREXIT, simplesmente isso. O texto sugere que os produtores da série terão menos recursos, que estão preocupados com as filmagens feitas em outros países, que estão inseguros quanto ao fato de poderem ou não receber recursos destes países, etc. Da maneira como foi escrito, parece até que a saída do Reino Unido é algum tipo de declaração de guerra, como se agora britânicos e outros europeus fossem virar inimigos.

Simplesmente patético, mas muito eficaz para manipular gente inocente.

Via http://www.modoespartano.com.br/2016/06/midia-brasileira-manipulando-opiniao.html


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