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Tres capitulos e o Concilio de Constantinopla

A história do cristianismo está repleta de debates teológicos e concílios que moldaram a doutrina e a prática da fé cristã. Um desses debates importantes ocorreu durante o Segundo Concílio de Constantinopla, no século VI, conhecido como o conflito dos “Três Capítulos”. Neste artigo, exploraremos os eventos desse concílio e a controvérsia teológica que o cercou.

Contexto Histórico:

O Segundo Concílio de Constantinopla, realizado em 553 d.C., foi convocado pelo imperador bizantino Justiniano I e teve como objetivo resolver disputas teológicas pendentes. O concílio reuniu bispos de várias partes do mundo cristão, incluindo o Papa Vigílio, embora ele tenha inicialmente se oposto a ele. O principal foco do concílio era a controvérsia dos “Três Capítulos”.

Os Três Capítulos:

Os “Três Capítulos” referem-se a três escritos controversos que foram condenados pelo concílio. Esses escritos foram associados a três figuras proeminentes do cristianismo do século V: Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto de Ciro e Ibas de Edessa. Os três eram conhecidos por terem opiniões distintas em relação ao Concílio de Calcedônia (451 d.C.) e às doutrinas cristológicas ali estabelecidas.

A Controvérsia:

A controvérsia dos Três Capítulos surgiu devido às interpretações divergentes do Concílio de Calcedônia e às tentativas de reconciliar as opiniões de várias facções teológicas. Alguns teólogos, principalmente do oriente do Império Bizantino, acreditavam que os Três Capítulos continham pontos de vista ortodoxos sobre a pessoa de Cristo, enquanto outros os consideravam heterodoxos e, portanto, condenáveis.

Os defensores dos Três Capítulos argumentavam que esses escritos não eram heréticos e, portanto, não deveriam ser condenados. Eles afirmavam que a condenação desses capítulos prejudicaria a unidade da Igreja e ameaçaria a paz teológica. Por outro lado, os opositores afirmavam que os Três Capítulos não eram consistentes com a doutrina estabelecida no Concílio de Calcedônia e que a condenação era necessária para preservar a ortodoxia cristã.

O Segundo Concílio de Constantinopla:

Após intensos debates teológicos, o Segundo Concílio de Constantinopla decidiu condenar os Três Capítulos. O concílio afirmou que os escritos em questão continham erros e doutrinas que não estavam em conformidade com a fé cristã. Essa condenação foi considerada uma importante vitória para os defensores da ortodoxia cristã, especialmente os monges monofisistas, que haviam apoiado a posição do concílio.

Após o concílio, houve alguma resistência e controvérsia em relação à sua autoridade e decisão. O Papa Vigílio, que inicialmente se opôs ao concílio, acabou concordando com suas decisões e emitiu uma carta chamada “Constitutum”, na qual ele apoiava a condenação dos Três Capítulos. No entanto, a controvérsia continuou a ser um assunto de debate e divisão na Igreja por muitos anos.

Legado e Significado:

O Segundo Concílio de Constantinopla e a controvérsia dos Três Capítulos tiveram um impacto significativo na história do cristianismo. A condenação dos Três Capítulos reafirmou as doutrinas estabelecidas pelo Concílio de Calcedônia e solidificou a posição ortodoxa sobre a natureza de Cristo. Embora tenha havido algum descontentamento e resistência às decisões do concílio, no geral, o Segundo Concílio de Constantinopla contribuiu para a unificação e estabilidade teológica da Igreja.

Conclusão:

O Segundo Concílio de Constantinopla e a controvérsia dos Três Capítulos foram eventos cruciais na história do cristianismo. Esses debates teológicos desempenharam um papel importante na definição da doutrina cristã e na busca por uma compreensão mais clara da natureza de Cristo. Embora a controvérsia tenha causado divisões e tensões, o concílio desempenhou um papel fundamental na promoção da ortodoxia e da unidade da Igreja. Através de discussões e debates teológicos, a Igreja continuou a desenvolver sua compreensão da fé cristã e a enfrentar desafios para a sua unidade e integridade doutrinal.


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