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Henrique VIII e a Reforma Protestante

Durante o século XVI, a Grã-Bretanha estava dividida em dois reinos: o da Inglaterra, sob o comando dos Tudor, e o da Escócia, que estava no comando da dinastia Stuart. E ainda que as duas Casas tivessem laços de parentesco, e posteriormente uma delas comandasse todo o Império, as relações entre os dois países foram conflituosas por grande tempo.

Pelo exposto acima, a curso da Reforma Protestante na Escócia tomou rumo diferente do que a que aconteceu na Inglaterra. Nesse Artigo trataremos da Reforma na Inglaterra e de seu principal agente: Henrique VIII

Henrique VIII e a Reforma

Início do reinado e casamento com Catarina de Aragão

No início do século XVI, a Escócia era aliada da França, e a Inglaterra era aliada da Espanha. Com o intuito de fortificar a sua aliança com a Espanha, Henrique VII, que era rei da Inglaterra, acordou um casamento entre Artur seu herdeiro e Catarina de Aragão, uma das filhas dos reis católicos.

Artur morreu quatro meses depois do matrimônio e os reis católicos propuseram um novo casamento entre Catarina e o irmão mais novo de Artur, Enrique, que agora era o herdeiro do trono. No entanto, a lei canônica proibia que um irmão casasse com a viúva do outro.

Henrique VII querendo conservar sua amizade com os reis da Espanha e também o dote da princesa, obteve uma dispensa papal, e tão logo o jovem Henrique alcançou idade necessária, contraiu matrimônio com Catarina.

O casamento entre Henrique e Catarina não foi feliz. Sempre pairava a dúvida sobre a validade do casamento já que muitos achavam que a proibição não era da alçada do Papa. Só um dos filhos dessa união conseguiu sobreviver: a princesa Maria e isso soou como um sinal da não aprovação de Deus.

Era preciso que o rei tivesse um herdeiro homem e depois de muitos anos de matrimônio, esse herdeiro nunca veio. Henrique então resolveu solicitar a Roma a anulação do seu matrimônio com Catarina para poder se casar com outra.

O papado já havia concedido anulações de casamento por diversas vezes, mas dessa vez Clemente VII não podia declarar nulo o casamento entre Henrique e Catarina sem irar o poderoso Carlos V que era sobrinho de Catarina.

O Papa então “levou com a barriga o assunto”, mas escudado nas opiniões de catedráticos das principais Universidades católicas, que consideram nulo o casamento, Henrique VIII seguiu um caminho de ruptura definitiva com Roma.

Rompimento com Roma e divórcio

Ameaçando o papa com o confisco de tributos que deveriam ir para Roma, conseguiu o consentimento para a nomeação de Tomás Cramer, que era reformista, como Arcebispo de Cantuária.

Henrique VII não sentia tanta simpatia para com os protestantes e até tinha feito um trabalho contra Lutero, recebendo de Leão X o título de “Defensor da fé”. No entanto, as ideias luteranas unidas com as lembranças de Wycliffe, impregnavam toda a Ilha e seus defensores se entusiasmavam com o afastamento progressivo entre o Rei e o papa.

O rompimento definitivo entre a Coroa e o Papado deu-se em 1534, quando o Parlamento seguindo orientações reais, promulgou uma série de leis proibindo o pagamento anual e outras contribuições a Roma, declarando que o casamento de Henrique e Catarina era ilegal e que Maria não seria herdeira do trono.

O rei foi feito chefe supremo da Igreja na Inglaterra e declarava traidor todo aquele que se atravesse a dizer que o rei era cismático ou herege.

São Tomás More se opõe à Igreja Anglicana

O opositor mais ferrenho e ilustre que se opôs ao nascimento da Igreja Anglicana foi Tomás More, que tinha sido chanceler no reino e era amigo intimo de Henrique VIII. More negou-se a jurar fidelidade ao rei como “chefe da igreja” e, por isso foi preso.

Levado a juízo, o ex-chanceler se defendeu dizendo que ele nunca negou que o rei fosse chefe da igreja, mas simplesmente não afirmava isso, e ninguém poderia condená-lo por deixar de dizer algo.

Condenado à morte, declarou abertamente que para desencargo de consciência deixava bem claro que não cria que um leigo pudesse ser chefe da igreja e que muito menos tinha autoridade para estabelecer leis em matérias eclesiásticas.

Suas últimas palavras foram: “Morro sendo servo do rei, mas antes de tudo sou servo de Deus”. Quatrocentos anos depois de sua morte, em 1935, Tomás More foi declarado santo pela Igreja Católica.

Henrique VIII e demais casamentos.

Logo que se tornou chefe da Igreja na Inglaterra, Henrique VIII declarou nulo seu casamento com Catarina de Aragão e tornou legal seu casamento que contraiu secretamente com Ana Bolena. Ana não conseguiu dar filhos homens para Henrique e posteriormente foi acusada de adultério e executada.

Henrique então casou-se com Joanna Seymour que finalmente conseguiu lhe dar um herdeiro homem. Quando Joana morreu, o rei casou-se então com Ana de Cleves, cunhada do príncipe protestante João Frederico da Saxônia.

Por questões políticas e religiosas envolvendo protestantes x católicos, o rei se divorciou de Ana Cleves. Casou-se posteriormente com Catarina Howard que também caiu em desgraça e foi decapitada. Sua última esposa então foi Catarina Parr que era partidária da Reforma Protestante.

Portanto, as esposas de Henrique VIII  foram 6 e  por ordem:

1- Catarina de Aragão;

2 – Ana Bolena;

3 – Joanna Seymour

4- Ana de Cleves

5 – Catarina Howard;

6 – Catarina Parr

A Consolidação da Reforma e da Igreja Anglicana após a morte de Henrique VIII

Durante o reinado de Henrique VIII, às vezes como o próprio apoio real, outras não, as ideias reformadoras iam se solidificando no país. Crammer mandara traduzir a Bíblia para o inglês, e, por decreto real, uma grande Bíblia foi colocada em cada igreja, onde todos tivessem acesso a ela.

O fechamento dos mosteiros enfraqueceu muito o partido conservador católico. Os humanistas que eram numerosos no país, tentavam como sempre uma oportunidade de chegar à reforma sem os excessos dos protestantes alemães. Após a morte de Henrique VII o partido reformador se consolida ainda mais na Inglaterra.

Referência do Artigo Reforma Protestante na Inglaterra – Henrique VIII

História Ilustrada do Cristianismo. Justo L Gonzalez. Vida Nova. Volume 2


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