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Antes de tudo, quero dizer que não vou fazer diferenciação nesse texto, (nem mesmo fiz no título), entre os termos católico e católico romano, toda vez que estiver falando de catolicismo é sobre a igreja católica romana tal qual a conhecemos.

Na evolução do catolicismo romano, várias doutrinas sem base bíblica vieram a ser consideradas elementos essenciais à fé cristã. Tais doutrinas foram justificadas através de uma tradição oral, supostamente apostólica, que é guardada pela igreja[1]. Essa tradição se equipara às Escrituras em nível de autoridade, sendo as duas como dois lados da mesma tradição.

Parece meio confuso, mas para a igreja católica, a tradição que foi entregue à igreja pelos apóstolos é composta em parte sob forma escrita e em parte sob forma oral. Além disso, como protetora da tradição, cabe à igreja católica definir o que faz parte da tradição e o que não faz[2].

O resultado prático disso nas palavras de Ferreira & Myatt (2007, p.97) é que “ O magistério da igreja católica se torna a autoridade final. O povo católico é obrigado a crer que o que essa igreja diz é a verdade. Em vez de sola scriptura, a prática católica é sola ecclesia”.

No século XIX, o Concílio do Vaticano I promulgou oficialmente a doutrina da infalibilidade papal. Essa doutrina prega que quando o papa se pronuncia ex cátedra, (ou seja, quando cumprindo o ofício de pastor e mestre de todos os cristãos, em sua suprema autoridade apostólica) apresenta revelações diretas de Deus que não podem ser rejeitadas. No final, o próprio magistério da igreja fica debaixo da autoridade suprema do papa[3].

Assista em vídeo:

A tradição referendada com a Bíblia

A apologia católica referenda a tradição extra-bíblica em passagens como 2 Tessalonicenses 2.15, que diz: “Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”, e como 2 Timóteo 2.2: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros”.

A verdade é que essas duas passagens não falam sobre uma tradição oral permanente, que existiria lado a lado com as Escrituras durante toda a era da igreja. Os evangelhos ainda não tinham sido escritos quando Paulo escreveu a carta aos Tessalonicenses, logicamente as informações sobre a vida e os ensinamentos de Cristo teriam sido preservadas e comunicadas numa tradição oral[4].

Algum tempo depois, os evangelhos foram escritos, e a tradição ensinada oralmente pode ser transmitida também por escrito, e com esse fato, já não se precisava mais da tradição oral. O mesmo critério de não existir uma idéia de tradição separada das Escrituras também se aplica na carta de Paulo a Timóteo.

A questão do Cânon

A teologia católica coloca a Igreja como a criadora do Cânon, tendo, portanto a mesma autoridade que a Bíblia. Para o catolicismo a autoridade da Bíblia depende da autoridade da igreja católica, como guardiã da tradição. Respondo dizendo que a igreja não definiu o cânon, apenas reconheceu os livros cuja a autoridade já era uma realidade na vida e prática das comunidades cristãs.

Os pais da Igreja

Os escritos dos pais da igreja mostram que os livros do Antigo e do Novo Testamento eram reconhecidos como Escritura pela maior parte da igreja, desde os dias dos apóstolos.

Pedro afirmou que as cartas de Paulo eram Escritura (2Pe 3.15 -16). Paulo também afirmou que o Evangelho de Lucas era Escritura (1 Tm 5.17). Policarpo, Clemente e Justinho de Roma, no século 2, já aceitavam os livros do Antigo e do Novo Testamento como Escritura[5].

Os apócrifos

Alegando autoridade, a igreja católica canonizou no Concilio de Trento,  livros apócrifos como parte do Antigo Testamento, que não eram reconhecidos como Escritura inspirada. Sobre os apócrifos, mais aqui:

A Igreja Católica e os apócrifos

Conclusão Sobre a Tradição Católica:

A igreja católica quer manter os homens em perpétua infância. Quer que os homens vão a ela em busca da verdade, em vez de ir diretamente à Bíblia. “como a mãe tola que guarda o menino em casa para que ele não machuque o dedo do pé; e quer amá-lo mais fazendo-o permanecer sempre um bebê e assim continuar sendo a sua mãe”[6]. É uma visão parasita de segurança sem inteligência ou espiritualidade.

Strong, (2010, p. 81) argumenta sobre o assunto:

Em resposta ao argumento romanista de que a Igreja é antes da Bíblia e que o mesmo corpo que deu a verdade no principio pode fazer acréscimos à verdade, dizemos que a palavra não escrita existiu antes da Igreja e possibilitou essa mesma Igreja. A palavra de Deus existiu antes que fosse escrita e por aquela Palavra os primeiros discípulos bem como os posteriores foram gerados (1 Pe 1.23 – “fostes regenerados […] mediante a palavra de Deus”).

Paulo afirmava  ter autoridade apostólica extraída diretamente de seu compromisso pelo Jesus ressurreto, como faziam os outros apóstolos, os Doze. Portanto, a autoridade não era conferida a um corpo eclesiástico (como afirmam os católicos romanos), mas à qualidade da confissão cristológica possibilitada pela revelação divina (ver Mt 16. 13-19)[7].

[1] Ferreira & Myatt, 2007, p. 96

[2] Ibdem, p. 96

[3] Ibdem, p. 98

[4] Ibdem, p. 128-129

[5] Ibdem, p. 94

[6] Strong, 2010, p. 82

[7] Kostenberger e Kruger, 2014, p. 135

REFERÊNCIAS

MYATT, Alan & FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Rio de Janeiro: 2002

KOSTENBERGER, Andreas J & KRUGER, Michel J. A heresia da ortodoxia: como o fascínio da cultura contemporânea pela diversidade está transformando nossa visão do cristianismo primitivo. São Paulo: Vida Nova, 2014

STRONG, Augustus Hopkins.Teologia Sistemática. 2 ed. Hagnos. São Paulo: 2010.

 


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