“Xangô” ocupa cadeira de juiz no Tribunal de Justiça

Por Jarbas Aragão / GospelPrime

A cerimônia de entrega do Prêmio Ose Mimo, que no idioma iorubá significa ‘machado sagrado’, ocorreu esta semana na sala do antigo 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Mais sobre a atual proteção “politicamente correta” com as  religiões afros e espíritas aqui:

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Criada no ano passado, a premiação contempla 12 ‘agentes da cultura e religiosidade de matriz africana’. Entre as diferentes categorias estão: promoção da cultura, manutenção do patrimônio, proteção dos direitos, respeito entre as religiões, serviço de assistência e ações de sustentabilidade, mídia e comunicação, e combate ao racismo.

Além disso são concedidas menções honrosas a mais de 20 pessoas. Mara Ribeiro, a superintendente de Igualdade Racial da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio, também faz parte do coletivo que criou o prêmio. Ela afirma que o objetivo é “fortalecer cada vez mais a cultura e a identidade das religiões de matriz africana”.

Foram convidados para ser paraninfos da cerimônia lideranças renomadas, como Mãe Beata de Yemonjá, Mãe Mabeji e Pai Bira de Xangô. No ano que vem eles pretendem estender a premiação a entidades e lideranças afro-religiosas de outros estados.

O babalorixá João de Airá, do terreiro Ilé Asé Onite Oba Nla Ibonan, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi um dos 12 primeiros premiados. Para ele, o prêmio é um reconhecimento “no momento tão importante que nós estamos atravessando, com todas as perseguições de intolerância religiosa…. o machado duplo de Xangô significa a força, a união, a resistência. E o candomblé é uma religião de resistência”.

Cerca de 250 pessoas lotaram o salão do evento, onde além da entrega dos prêmios, foi apresentada uma coreografia pela Companhia CorpoAfro. O ator Fábio Gonçalves, ‘encarnou’ Xangô, o orixá da Justiça. Ao fim da dança, ao som de atabaques, ele ocupou a cadeira do juiz.

Religião no espaço público

Enquanto os adeptos de religião afro celebram a conquista no Judiciário, aumenta os questionamentos da imprensa sobre o uso de espaço público para a realização de cultos evangélicos.

Curiosamente, esta semana a declaração de uma candidata a vereadora não eleita chamou atenção pela maneira como ela tratou o aumento do número de políticos evangélicos na Câmara municipal.

Patrícia Pinheiro, candidata a vereadora pelo PSL em Salvador, identifica-se como “makota de encosto do terreiro Manso Dandalungua Cocuazenza”. Pinheiro faz duras críticas a falta de união dos praticantes das religiões afro-brasileiras quando o assunto é eleições.

“Foi um pleito muito difícil. Eu pedi ao povo de terreiro, ao Povo de Santo, conclamei que votasse nos candidatos de Axé, não só em mim, mas, que tivesse um carinho especial para com os candidatos de axé, que estavam colocando suas candidaturas a prova e alertei que a bancada aqui em Salvador, poderia ser ampliada de 11 vereadores evangélicos para 15 ou 17 e infelizmente ontem as urnas confirmaram essa tragédia anunciada”, afirmou ela. Com informações de O Globo e Agência Brasil


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