A reforma protestante na Escócia

A Reforma protestante na Escócia foi influenciada pela política de aliança do país com a França que era a tradicional inimiga da Inglaterra que tentava apoderar-se dos territórios escoceses. No entanto, no país também haviam os que defendiam uma relação mais estreita com a própria Inglaterra.

E a aliança com a Inglaterra acabou se firmando quando Jaime IV da Escócia, contraiu matrimônio com Margarida Tudor, filha de Henrique VII da Inglaterra. Portanto, quando Henrique VIII assumiu o trono inglês, havia a esperança de que ambos os reinos pudessem formalizar uma paz.

Henrique VIII até mesmo ofereceu a mão de Maria Tudor (a sanguinária) a Jaime V filho de Jaime IV e de Margarida Tudor. No entanto, o rei da Escócia resolveu voltar à política tradicional de aliança com os franceses e casou com a francesa Maria de Guise.

A partir de então, a política do Rei da Escócia se opôs constantemente à de Henrique VIII sobretudo nas questões religiosas que envolviam o papa e a reforma. Enquanto todos esses enlaces se desenvolviam o protestantismo ia penetrando no país.

Já há muito tempo as ideias dos lollardos e dos hussitas tinham penetrado na Escócia. Entre aqueles que defendiam essas ideias, o protestantismo encontrou campo fértil. Escoceses que estudavam na Alemanha, retornavam ao seu pais e se dedicavam a difundir as ideias dos reformadores alemães.

Em 1528, um pregador protestante itinerante foi martirizado e a partir de então, outros mais, mas apesar das perseguições, a doutrina protestante crescia cada vez mais na Escócia.

A morte de Jaime V, em 1542, desencadeou uma disputa pela regência. A herdeira era Maria Stuart que estava com apenas uma semana de vida quando o rei morreu. Henrique VIII queria casá-la com seu filho Eduardo que era o herdeiro do trono inglês.

Diante desse quadro, os católicos que eram francófilos arquitetavam que a rainha recém-nascida fosse enviada à França para ser educada e posteriormente casar com um príncipe francês.

O líder do partido católico era o cardeal David Beaton, arcebispo de Santo André, que era um terrível perseguidor dos protestantes, sendo que enviou para a fogueira o conhecido pregador Jorge Wishart.

Depois disso, um grupo de protestantes tramou uma conspiração e em maio de 1546, invadiram o Castelo de Santo André e assassinaram Beaton. As tropas imperiais tentaram tomar o Castelo de volta, mas não obtiveram êxito, a partir de então, os protestantes de todo o reino passaram a enxergar em Santo André o baluarte de sua fé.

João Knox e a Reforma Protestante na Escócia

João Knox reforma protestante na Escocia

Nesse período, João Knox começa a se destacar e logo se torna a figura mais importante do protestantismo escocês. Nascido por volta de 1515, estudou Teologia e foi ordenado sacerdote antes de 1540.

Foi tutor de filho de nobres que conspiravam a  favor do protestantismo e era amigo de Jorge Wishart do qual já nos referimos.  Quando os protestantes tomaram Santo André, recebeu ordens de ir para o castelo com os jovens que estavam sob seu comando.

A contra gosto, foi feito pregador da comunidade protestante e a partir de então, ficou sendo o principal porta-voz da reforma protestante na Escócia. Porém, quando o governo escocês retomou o castelo, com a ajuda da França, Knox e seus companheiros foram condenados a remar nas galeras e durante 19 meses, sofreram os mais cruéis rigores.

No Reinado de Eduardo VI, Knox foi libertado graças a uma intervenção da Inglaterra, onde se tornou Ministro. No entanto, com a morte de Eduardo e a subida ao trono de Maria Tudor com sua repressão contra os protestantes, Knox partiu da Inglaterra para a suíça onde conheceu e passou algum tempo com João Calvino.

Os Lordes da Congregação

Na Escócia, durante a regência da Rainha mãe de Maria Stuart, agora com 16 anos, o partido católico e francófilo ocupava o poder, e isso fez com que os principais líderes protestantes no pais estabelecessem um pacto solene que ficou conhecido como os “Lordes da Congregação”.

Esses lordes se aproximaram dos protestantes ingleses, em contrapartida, a rainha regente apertou o cerco contra eles, mas eles não se intimidaram e em 1558, organizaram-se como igreja. Antes disso, haviam escrito à Suíça, pedindo o retorno de João Knox.

No seu exílio, Knox escreveu um mordaz ataque contra as mulheres que estavam governando alguns tronos na Europa, a saber:  a regente Maria de Lorena na Escócia; a sanguinária Maria Tudor, na Inglaterra e a temida Catarina de Médici na França.

O primeiro toque de Clarim contra o regime monstruoso das mulheres

A obra se intitulou “O primeiro toque de clarim contra o regime monstruoso das mulheres e apareceu em um mau momento, pois logo que começou a circular na Inglaterra, Maria Tudor morreu e Elisabete lhe sucedeu.

As críticas antifeminista contidas no livro impossibilitaram inicialmente um aliança entre Elisabete e Knox, que muitas vezes se desculpou e se retratou do que havia escrito em seu livro.

Na Escócia a situação ficava cada vez pior para os protestantes, a regente pedia ajuda da França frequentemente para esmagar os Lordes da Congregação que conseguiam resistir bravamente.

Os protestantes pediam repetidamente ajuda para a Inglaterra com o argumento de que se os católicos vencessem na Escócia esse país cairia em mãos católicas, consequentemente francesas, então a própria coroa de Elisabete estaria em perigo.

Knox, que já tinha retornado à Escócia, sustentava os protestantes com seus sermões e sua gana, até que em 1560, a Inglaterra enviou tropas à Escócia, a luta prometia ser árdua, quando a regente morreu e então os franceses decidiram se retirar do país.

Mediante um acordo, decidiu-se que tanto os ingleses quanto os franceses se retirariam do país e que os moradores do lugar seriam donos de seu próprio destino. A partir de então, diferenças entre os lordes e Knox começaram a surgir, principalmente na área econômica.

Os Lordes queriam lucros com  as possessões eclesiásticas, Knox e seus apoiadores queriam esses recursos para estabelecer um sistema de educação universal para amenizar a pobreza no país e para o sustento da igreja.

Nessa briga interna, os Lordes decidiram convidar Maria Stuart a voltar ao país e reivindicar o trono que lhe pertencia por herança de seu pai. Maria retornou à Escócia em 1561 e governou seguindo o conselho de seu irmão bastardo, Jaime Stuart o Lorde de Moray. Moray era líder  protestante mas evitou que a política da rainha também molestasse os lordes.

No entanto, as diferenças entre a Rainha e Knox iam aumentando. Desde o início Maria Stuart insistia em celebrar a missa em sua capela privada, e o reformador começou a pregar contra a “idolatria dessa nova Jezabel”.

Paralelamente a essa disputa, Knox e seus pares, iam organizando a Igreja na Escócia na forma de governo semelhante ao que iria ser o presbiterianismo, então, em cada igreja se elegiam os presbíteros e também o ministro.

Maria Stuart cavou sua própria queda na Escócia, querendo ocupar também o trono inglês, ela casou-se com seu primo Henrique Stuart que também tinha algum direito na linha de sucessão inglesa  e se afastou de Moray que era contra essa união.

Maria colocou Lorde Bothweel para combater contra Moray que acabou se refugiando na Inglaterra. Entretanto Bothweel era odiado pelos escoceses que logo se levantaram contra ele. Quando a Rainha quis sufocar a rebelião acabou descobrindo que o Lordes não estavam mas com ela, então Maria abdicou em favor de seu filho Jaime VI.

Maria se exilou na Inglaterra e ficou a cargo de sua irmã Elisabete que tinha tudo para decapitá-la, mas não o fez e ainda tratou com certa benevolência mesmo que Maria continuasse a conspirar contra a sua irmã anfitriã, até que não houve mais saída e finalmente Maria foi levada a juízo e condenada à morte.

Na Escócia, as brigas internas continuavam, Knox apoiava o regente Moray, a luta estava ferrenha quando Knox sofreu uma paralisia e teve que se acamar, no entanto, fez um esforço tremendo para retornar ao púlpito quando soube da matança de São Bartolomeu na França e alertou seu povo que igual sorte lhes esperava se fraquejassem na luta. Knox morreu pouco tempo depois e logo não haveria mais dúvidas que a Escócia seria um país reformado.

 


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