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Reforma protestante na Holanda

Os países baixos era um grupo de Territórios localizados perto da desembocadura do Rio Reno conhecidos também como “Dezessete Províncias”. Esse Território abrangia praticamente o que é hoje são a Holanda, Bélgica e Luxemburgo.

Esses Territórios pertenciam a Carlos V que os herdou de seu Pai Filipe, o Belo, ou seja, também estavam sobre o Senhorio da Casa da Áustria.  Intenso movimento Reformador já ocorrera nos Países Baixos, antes mesmo de estourar a Reforma Protestante. Foi nessa Região que surgiram os Irmãos da Vida Comum e que nasceu Erasmo de Roterdam.

Uma das “bandeiras” dos Irmãos da Vida Comum era a Leitura das Escrituras não só em Latim, mas também nos idiomas regionais. Logo, quando a Reforma Protestante adentrou nesses territórios, encontrou solo fértil para suas ideias.

Assim que os primeiros pregadores Luteranos chegaram no Lugar, conseguiram inúmeros convertidos. Um pouco depois, os Anabatistas também conseguiram muitos adeptos nos Países Baixos. Por fim, chegaram pregadores Calvinistas, oriundos tanto da França como de Genebra e do sul da Alemanha. O Calvinismo iria ficar sendo a forma característica de protestantismo da Região.

Carlos V adotou fortes medidas contra o Protestantismo, em particular, contra os Anabatistas, que foram os que mais sofreram perseguições do Império. Os mortos dessa corrente evangélica se contavam por dezenas de milhares.  Os chefes eram queimados e os seguidores decapitados. Não obstante, o protestantismo continuava crescendo.

Felipe II e a Inquisição

O Sucessor de Carlos V, seu filho Felipe II nomeou novos bispos nas províncias com poderes inquisitoriais. A explicação para essa nomeação foi que o Império precisava extirpara a “heresia”. Os habitantes das Dezessete Províncias temiam que o Rei fizesse da Inquisição um instrumento de Estado como fez na Espanha.

A Política de Filipe também procurou isolar os súditos mais fiéis dos Países Baixos, no caso o Príncipe de Orange e o Conde de Egmont que haviam sido conselheiros de seu pai Carlos V. Todas essas ações de Filipe fizeram desencadearam protestos que aumentavam gradativamente ate se tornarem uma revolta.

Vários nobres e burgueses se uniram num compromisso contra a Inquisição e marcharam para apresentar suas ideias à regente que Filipe nomeara para as Províncias. A regente que era parente de Filipe se mostrou perturbada, foi então, que um de seus conselheiros lhe disse para não temer esses “mendigos”.

Os Mendigos e a Reforma Protestante

Os habitantes do país não se indignaram com o apelido de mendigos, pelo contrário, visto que seus adversários os chamavam de mendigos, então, esse seria o nome pelo qual seriam conhecidos. A bolsa de couro que os mendigos carregavam transformou-se numa bandeira da rebelião.

Logo, o movimento que no principio, era composto apenas por nobre e burgueses, ganhou adesão do resto da população. Com essa massa protestando, as autoridades não sabiam mais o que fazer. Antes de chegar às vias de fato, o movimento foi um protesto religioso.

Em todos os lugares, faziam-se reuniões ao ar livre nas quais se pregava a doutrina protestante, protegidas por mendigos armados, aos quais as autoridades temiam. Logo após, apareceram os iconoclastas que destruíam as imagens e altares católicos nas igrejas e os devotos romanistas se espantavam porque Deus não os fulminava pelos seus “sacrilégios”.

Diante de toda essa situação, o Conselho de Estado apelou a Guilherme de Orange o qual havia desprezado antes. O Conselho implorou que Guilherme tratasse de deter os excessos do movimento. Então Orange conseguiu acalmar os ânimos. Cessou a iconoclastia e também a Inquisição e certa liberdade de culto foi permitida.

Filipe II, no entanto, fazia jogo duplo, ao mesmo tempo que se declarava disposto a perdoar os rebeldes e aceitar suas demandas, estava reunindo tropas para invadir o país. Guilherme de Orange se apercebeu da duplicidade do Monarca e convenceu seus amigos, os condes de Egmont e Horn, para levantarem uma resistência armada.

A tormenta não demorou. O Duque de Alba chegou ao país com tropas compostas de soldados espanhóis e italianos. Alba criou o Conselho das Desordens que foi apelidado de Conselho de Sangue. Esse Conselho estava acima de todas as disposições legais, então os protestantes foram condenados como hereges, e os católicos por não ter resistido à heresia.

Os mortos foram tantos, que os escritores da época falavam de mau cheiro no ar e de centenas de cadáveres dependurados nas árvores à beira do caminho. Os Condes de Egmont e Horn foram julgados, e o filho de Orange de quinze anos foi preso, visto que seu pai se encontrava fora de alcance.

Guilherme de Orange com recursos próprios e com exército formado por maioria alemã invadiu o país, mas suas tentativas malograram, então, como represália, Alba executou Egmont de Horn. Tudo parecia perdido quando as coisas começaram a mudar. Foi então que apareceram os “mendigos do mar”.

Os Mendigos do Mar

Piratas foram se organizando paulatinamente e as forças marítimas de Felipe II não foram suficientes para contê-los. Em uma ação violenta, rápida e imprevista, os “mendigos do mar” se apoderaram da cidade de Brill  e então foram avançando rapidamente.

Já por terra, Guilherme de Orange, sem o apoio dos Franceses, sucumbia diante dos exércitos de Alba, que massacravam seus prisioneiros e incendiavam as cidades protestantes. No entanto, pelo Mar os mendigos continuavam ganhando e ao impedirem os exércitos  de Alba de receber provisões, e sem o devido apoio da Espanha, aquele, acabou pedindo desligamento do comando da tropa.

O sucessor de Alba, o general Dom Luiz de Zuninga e Requesens, tratou de ganhar apoio dos católicos que viviam mais na parte sul do país, assim, essas começaram a se separar dos protestantes, já que Guilherme de Orange era calvinista.

Os exércitos de Orange continuavam perdendo as batalhas por terra, até que se abriram os diques Holandeses e após 4 meses as ondas chegaram na cidade sitiada de Leiden trazendo consigo os mendigos do mar que gritavam: “Antes turcos do que papistas” fazendo os soldados espanhóis baterem em retirada.

Maurício de Nassau

Felipe II, no entanto, não se dava por vencido e um novo exército seu invadiu o país.  A luta continuou por muitos anos com a resistência das cidades protestantes sobre o comando de Nassau. Após um proclama de Felipe II em 1581 prometendo recompensa a quem matasse Guilherme, este sucumbiu e foi morto depois de 3 anos de tentativas frustradas.

A morte de Guilherme, o Taciturno, parecia ser o fim da Resistência, porém seu filho Maurício de Nassau, de dezessete anos, tornou-se um hábil general  e conseguiu uma série de campanhas vitoriosas contra Felipe II. Finalmente, em 1607, a Espanha desiste da luta e firma uma trégua que posteriormente levou ao reconhecimento da nova nação protestante que na época era calvinista em sua maioria.

Referência do Artigo A Reforma Protestante nos Países Baixos – Holanda

História Ilustrada do Cristianismo: Justo L González


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