No século IV, uma das questões teológicas mais controversas e debatidas entre os cristãos foi a natureza de Cristo. Esse tema desencadeou uma série de concílios importantes, nos quais os líderes da igreja buscavam definir e estabelecer a ortodoxia cristã. Um desses concílios cruciais foi o Concílio de Constantinopla, convocado em 381 d.C. Este artigo se propõe a explorar a figura de Apolinário e sua relação com esse concílio, bem como a polêmica doutrinária que envolveu sua visão sobre a natureza de Cristo.
Apolinário e sua visão teológica:
Apolinário de Laodiceia, também conhecido como Apolinário, foi um teólogo e bispo do século IV. Ele desenvolveu uma visão particular sobre a natureza de Cristo que atraiu a atenção e o debate entre os cristãos de sua época. De acordo com Apolinário, Jesus Cristo possuía uma natureza humana e uma natureza divina, mas a parte humana era carente de uma mente racional. Ele afirmava que a mente divina de Cristo substituía a mente humana, tornando-o apenas aparentemente humano. Essa visão foi conhecida como “apolinarianismo” e gerou uma controvérsia significativa dentro da Igreja.
O contexto do Concílio de Constantinopla:
O Concílio de Constantinopla foi convocado em 381 d.C. pelo imperador Teodósio I, com o objetivo de tratar de diversas questões teológicas, incluindo a controvérsia apolinariana. Além disso, o concílio buscou fortalecer e expandir a formulação do Credo Niceno, estabelecendo a doutrina cristã ortodoxa. Mais de 150 bispos participaram do concílio, incluindo figuras influentes como Gregório de Nazianzo, Gregório de Níssa e Cirilo de Alexandria.
O debate sobre a natureza de Cristo:
No Concílio de Constantinopla, a visão de Apolinário foi discutida e condenada como herética. Os bispos presentes afirmaram que, para que a salvação fosse possível, Jesus Cristo deveria ser plenamente humano e plenamente divino, sem a supressão de qualquer aspecto de sua humanidade. A doutrina da encarnação, a união hipostática das naturezas divina e humana em Cristo, foi estabelecida como a visão ortodoxa correta. A natureza divina de Cristo não deveria suprimir ou substituir sua natureza humana, mas sim unir-se a ela de maneira íntegra e indivisível.
As consequências e legado:
O Concílio de Constantinopla teve um impacto duradouro na teologia cristã. Além de rejeitar a visão de Apolinário, o concílio estabeleceu a divindade do Espírito Santo, reafirmando a Trindade como uma doutrina essencial. O Credo Niceno-Constantinopolitano, resultado do concílio, se tornou uma das principais declarações de fé cristãs e é amplamente utilizado até os dias de hoje. A controvérsia apolinariana, juntamente com outras polêmicas teológicas, incentivou o desenvolvimento do pensamento cristológico e contribuiu para a definição das doutrinas fundamentais do cristianismo.
Conclusão:
O Concílio de Constantinopla desempenhou um papel crucial na história da teologia cristã e na definição da ortodoxia cristã. Ao condenar o apolinarianismo e reafirmar a necessidade da união íntegra e indivisível das naturezas divina e humana de Cristo, o concílio consolidou a visão ortodoxa e influenciou a teologia cristã por séculos. A figura de Apolinário e sua visão sobre a natureza de Cristo são lembradas como parte de um período de intensos debates teológicos e como um exemplo da importância de se buscar uma compreensão precisa e coerente das verdades fundamentais da fé cristã.
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