Para C.S LEWIS, Livre Arbítrio é uma decorrência lógica, ou mesmo a causa dos seres humanos conseguirem agir muitas vezes em desacordo com a Lei Natural.
Para o escritor, Deus dotou o ser humano com o livre arbítrio e por isso o ser humano pode fazer tanto o bem quanto o mal e vai ainda mais longe nesse pensamento, para o Escritor a própria existência do mal é decorrência do livre arbítrio.
Vejamos o que diz o autor sobre o Livre-Arbítrio:
Deus criou coisas dotadas de livre-arbítrio: criaturas que podem fazer tanto o bem quanto o mal. Alguns pensam que podem conceber uma criatura que, mesmo desfrutando da liberdade, não tivesse possibilidade de fazer o mal. Eu não consigo. Se uma coisa é livre para o bem, é livre também para o mal. E o que tornou possível a existência do mal foi o livre-arbítrio. Por que, então, Deus o concedeu? Porque o livre-arbítrio, apesar de possibilitar a maldade, é também aquilo que torna possível qualquer tipo de amor, bondade e alegria. Um mundo feito de autômatos — criaturas que funcionassem como máquinas –
Não valeria a pena ser criado. A felicidade que Deus quis para suas criaturas mais elevadas é a felicidade de estar, de forma livre e voluntária, unidas a ele e aos demais seres num êxtase de amor e deleite ao qual os maiores arroubos de paixão terrena entre um homem e uma mulher não se comparam. Por isso, essas criaturas têm de ser livres ( LEWIS, 2005, p. 23)
Críticas ao Livre Arbítrio
Assim como na questão da existência da Lei Natural, explanada no capítulo anterior, C.S.Lewis também expõe as críticas que recebe à sua concepção de Livre Arbítrio. A pergunta dos críticos é: “Por que Deus criou um ser composto de matéria tão corrompida, cujo o destino é errar”? A resposta do Escritor, encontramos também na página 23 do Cristianismo Puro e Simples:
Se Deus pensa que o estado de guerra no universo é um preço justo a pagar pelo livre-arbítrio – ou seja, pela criação de um mundo vivaz no qual as criaturas podem fazer tanto um grande bem quanto um grande mal, no qual acontecem coisas realmente importantes, em vez de um mundo de marionetes que só se movem quando ele puxa as cordinhas -, devemos igualmente consentir que o preço é justo. (LEWIS, 2005, p. 23)
Continuando com a Resposta, Lewis relacionará o Livre Arbítrio com o Certo e o Errado, e com o bem e o mal:
Quanto melhor for a matéria da qual for feita uma criatura -quanto mais ela for inteligente, forte e livre -, tanto melhor será ela quando tender para o certo, e tanto pior quando tender para o errado. Uma vaca não pode ser nem muito boa, nem muito má; um cachorro já pode ser um pouco melhor ou um pouco pior; uma criança pode ser ainda melhor ou pior; um homem comum, ainda melhor ou pior; um homem de gênio, melhor ou pior ainda; um espírito sobre-humano, melhor – ou pior — do que todos os demais.(LEWIS, 2005, p. 23)
Nota
*Texto adaptado extraído da Monografia apresentada à Universidade Federal do Maranhão – Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia de Imperatriz –, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Área de concentração: Criminologia; Direito Penal.
Orientador: Profº.: Gabriel Araújo Leite
Autor: José Domingos Martins da Trindade
Título: CRIMINOLOGIA E APOLOGÉTICA: C.S. LEWIS COMO SÍNTESE ENTRE A ESCOLA CLÁSSICA E A ESCOLA POSITIVA NO CRISTIANISMO PURO E SIMPLES.
Referência
LEWIS, C.S. Cristianismo Puro e Simples. Tradução: Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
1 comentário
C.S Lewis: Livre Arbítrio e Lei Natural — Exateus | · 18/01/2020 às 11:08
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