Deus e livre arbítrio em Whitehead

Alfred North Whitehead (1861-1947) foi um matemático e  filósofo da ciência que tentou superar o antagonismo entre ciência e religião, principalmente no que tange à evolução das espécies proposta por Charles Darwin.

Para o filósofo, a História está comprometida pelas interpretações teóricas dos autores, o conhecimento é sempre acompanhado pela emoção e propósito, ou seja, “observação é sempre seleção”. Deste modo, a metafísica está sempre presente na História, com isso, ele afirma que não existe racionalidade para que se apele a História, até que a metafísica de alguém garanta que existe uma História a qual se apelar.

A evolução das espécies para Whitehead não é aleatória e confusa, mas pode assumir uma forma orientada por Deus que não somente trabalha com o processo evolutivo, como é intrínseco a ele, tanto Deus, como as substancias, têm seus próprios alvos, fins, metas e propósitos que esperam atingir.

O autor em comento descreve Deus como: “aquela atualidade que existe no mundo e em virtude da qual existem as leis físicas (Griffin & Sherbune, 1978:283). “O propósito de Deus seria a maximização dos valores dentro do mundo temporal”.

A metafísica de Whitehead compreende o mundo como formado por momentos de experiências que ser realizam e se retiram para o passado. O potencial se transforma no atual e quando se retira ao passado se transforma em histórico na seqüência do vir a ser e do vir a perecer.

Nossos relacionamentos com os dados do passado, vão influenciar a maneira como nos sentimos a respeito deles, e nos informará como devemos responder a eles. No entanto, novas nuances poderão nos levar a responder de novas maneiras.  Um momento de criatividade ou “insight” significa que algo novo adentrou ao mundo, algo que não estava dentro dele.

A metáfora do futebol americano como um processo de livre arbítrio

O passado se projetando sobre o presente, mostra algo que já ocorreu, os eventos do presente retiram algo dele.  Na analogia com o futebol americano, o treinador assume o papel de Deus, pois orienta o quarterback (mente) sobre quais táticas de jogo deverão ser utilizadas.

A tática de jogo que o querterback irá aplicar irá depender das lembranças dos treinamentos que a equipe realizou na preparação para o jogo. Lembranças essas que envolvem os atletas que estão em melhores condições para as ações do jogo, quais fases do jogo tiveram melhores resultados nos treinos e as estratégias para o jogo em questão.

O quarteback, exerce então sua liberdade de julgamento, pois mesmo com os treinamentos, não tem garantia de qual tática obterá o melhor resultado.

Enquanto o jogo está acontecendo, os atletas no campo influenciam o resultado. A subjetividade de cada jogador pode alterar o curso do evento.  À medida que ocorre cada lance, surge mais um evento no mundo para ser avaliado.

Se uma estratégia de jogo utilizada pelo quarterback não funciona, então ele terá de improvisar. Nenhum treinamento prepara o time para todas as situações possíveis de jogo. A criatividade faz parte do jogo, se é utilizada uma jogada nunca treinada, isso se torna um exemplo de criatividade e deixará para o mundo um fato novo que pode ser repetido no futuro.

Os juízes e bandeirinhas supervisionam as regras do jogo, garantindo que sejam cumpridas, seriam como “supervisores divinos” que Deus emprega para garantir que o mundo, principalmente a parte inorgânica,  seja um lugar merecedor de confiança, que se comportará regido como por causa e conseqüência.

O resultado do jogo se torna mais um fator de como a equipe enfrentará seu próximo adversário.

Portanto, Whitehead propõe que a natureza e o processo evolutivo por que ela passa podem ser encarados como um palco para a atividade divina e isso integraria a ciência à Religião, não as distanciaria.

Obs: Não sou a adepto da Teoria da evolução, devido as grandes brechas que apresenta, como muitos já sabem, mas o pensamento de Whitehead oferece alternativa para um deismo dentro do evolucionismo, o que já seria melhor do que o ateísmo ou ceticismo, lembrando que como toda teoria a de Whitehead também sofre críticas.

Referência

Deus e a Nova Metafísica – Herb Gruning

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