Pin It

Dualismo cartesiano

O Dualismo Cartesiano. Além da preocupação com a solidez do conhecimento humano, outra problemática com que Descartes se ocupou, foi a relação entre corpo e alma. Em sua época o materialismo era defendido por cada vez mais pensadores, como podemos observar nas palavras de Gaarder (2009, p. 155)

Cada vez mais pessoas defendiam uma compreensão materialista da natureza. Mas quanto mais o mundo físico era concebido de forma mecanicista, mais urgente se tornava a questão da relação entre corpo e alma. Antes do século XVII, a alma fora descrita geralmente como uma espécie de “espírito vital” que percorria todos os seres vivos. Aliás, o significado original de “alma” e “espírito” é também “sopro vital” ou “respiração”.

Para explanar a separação entre corpo e alma o filosofo novamente precisou do conceito de um Ser perfeito, para explicar a veracidade da realidade exterior.
Dizia ele que um Deus perfeito não nos enganaria, de modo que a realidade exterior é assim mesmo como ela é. No entanto, pressupôs existirem duas formas de realidades ou duas substancias: uma é o pensamento ou alma, a outra é a matéria ou extensão.
Gaarder (2009, p.158) dá as características dessa divisão segundo Descartes:

A alma é apenas consciente, não ocupa espaço e, por isso, também não pode ser dividida em partes menores. A matéria, por seu lado, é extensa, ocupa espaço e pode ser dividida em partes cada vez menores – mas não é consciente. Descartes afirma que ambas as substâncias provêm de Deus, porque apenas Deus existe independentemente de todas as outras coisas.
Mas mesmo provindo pensamento e extensão de Deus, as duas substâncias são completamente independentes uma da outra. O pensamento é livre na sua relação com a matéria – e vice-versa: os processos materiais operam de forma totalmente independente do pensamento.

Com esse conceito Descartes se torna um pensador dualista, pois traça uma separação entre espírito e matéria, e que iria influenciar em grande escala o pensamento ocidental.
A filosofia do dualismo dividiu o mundo em uma esfera objetiva da matéria (o domínio da ciência) e outro subjetivo ou da mente (domínio da religião). Com isso Descartes conseguiu libertar a ciência do poder dogmático da Igreja Católica. Acerca dessa divisão escreve Goswami (1998, p. 34):

Ao dividir o mundo em matéria e mente, a intenção de Descartes era estabelecer um acordo tácito: não atacaria a religião, que reinaria suprema em questões relativas à mente, em troca da supremacia da ciência sobre a matéria. Durante mais de 200 anos o acordo foi observado. No fim, o sucesso da ciência em prognosticar e controlar o meio ambiente levou cientistas a questionar a validade de todo e qualquer ensinamento religioso. Em especial, eles começaram a contestar o lado da mente, ou espírito, do dualismo cartesiano.


0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *