Charles Grandison Finney (1792-1875) foi um evangelista e educador americano que desempenhou um papel importante no Segundo Grande Despertar, um período de avivamento religioso nos Estados Unidos no início do século XIX. Ele também é considerado um dos fundadores do movimento do evangelicalismo moderno e é conhecido por suas contribuições significativas à teologia e à prática do avivamento evangélico.
Finney era conhecido por seu estilo de pregação vívido e emocional, que ele usava para convencer os ouvintes a se arrependerem de seus pecados e se converterem ao cristianismo. Ele se opunha fortemente ao calvinismo e abraçou o arminianismo, que enfatiza o livre-arbítrio e a capacidade humana de escolher a salvação.
A doutrina de Finney pode ser resumida nos seguintes pontos principais:
- Teologia do Avivamento: Finney acreditava que os avivamentos religiosos eram eventos planejados e organizados, em vez de milagres espontâneos de Deus. Ele pensava que os avivamentos poderiam ser realizados através de métodos específicos e eficazes, como pregação emocional, oração e ação social.
- Novas Medidas: Finney introduziu várias “novas medidas” em suas reuniões de avivamento, como bancos de ansiedade (onde os pecadores convictos poderiam sentar-se para receber oração e aconselhamento), chamadas de altar e convites públicos para aceitar Jesus Cristo como Salvador pessoal.
- Perfeccionismo Cristão: Finney defendeu o conceito de “perfeição cristã” ou “santidade inteira”, acreditando que os cristãos convertidos poderiam alcançar um estado de santidade e viver vidas livres do pecado. Ele ensinou que a santificação era um processo gradual e contínuo e que os cristãos deveriam buscar viver em conformidade com a vontade de Deus.
- Responsabilidade Moral: Finney acreditava que os seres humanos eram responsáveis por suas ações e tinham a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Ele rejeitou a doutrina calvinista da depravação total e insistiu que as pessoas poderiam responder ao chamado de Deus para a salvação por meio de seu livre-arbítrio.
- Ativismo Social: Finney era um ardente defensor da reforma social e moral e encorajava os cristãos a se envolverem em causas como a abolição da escravidão, a temperança e os direitos das mulheres.
O Pecado Original na doutrina de Finney
Charles Finney rejeitava a ideia tradicional do pecado original conforme ensinada pelo calvinismo. A doutrina do pecado original, derivada dos ensinamentos de Agostinho de Hipona e de João Calvino, afirma que todos os seres humanos herdam o pecado de Adão e, portanto, nascem com uma natureza pecaminosa e corrompida.
Finney, em vez disso, adotou uma visão mais arminiana do pecado e da natureza humana. Ele acreditava que os seres humanos nascem moralmente neutros, sem uma inclinação inerente ao pecado. Finney argumentava que o pecado é uma escolha voluntária e que cada pessoa é responsável por suas próprias ações pecaminosas, em vez de ser culpada pelo pecado de Adão.
Segundo Finney, a depravação humana é resultado das escolhas individuais das pessoas, e não de uma herança do pecado original. Ele acreditava que a redenção e a salvação eram possíveis por meio do arrependimento, da fé em Jesus Cristo e da ação do Espírito Santo na vida do crente. Essa ênfase no livre-arbítrio e na responsabilidade individual era uma característica distintiva da teologia de Finney e de sua abordagem ao avivamento e à evangelização.
A Soteriologia de Finney
A soteriologia é o estudo da salvação na teologia cristã, e Charles Finney tinha uma perspectiva distinta sobre esse assunto. Sua visão sobre a salvação era fortemente influenciada pelo arminianismo e pelo perfeccionismo cristão. Aqui estão alguns dos principais aspectos do pensamento de Finney sobre a soteriologia:
- Livre-arbítrio e responsabilidade individual: Finney acreditava que a salvação era uma escolha individual e que cada pessoa tinha a capacidade de decidir se arrepender de seus pecados e aceitar a graça de Deus através da fé em Jesus Cristo. Ele rejeitou a doutrina calvinista da predestinação, argumentando que a salvação não era determinada previamente por Deus, mas era resultado das escolhas das pessoas.
- Justificação pela fé: Finney ensinou que a justificação, ou seja, ser declarado justo aos olhos de Deus, ocorria através da fé em Jesus Cristo. Ele acreditava que a fé genuína levava a uma mudança real no coração e na vida do crente, resultando em um compromisso de obedecer a Deus e viver uma vida de santidade.
- Regeneração pelo Espírito Santo: Finney enfatizou o papel do Espírito Santo na conversão e na regeneração do crente. Ele acreditava que o Espírito Santo trabalhava no coração do indivíduo para convencê-lo de seu pecado e levá-lo ao arrependimento, e que a regeneração era um ato sobrenatural de Deus que transformava o coração do pecador.
- Santificação progressiva: Finney defendia a ideia de santificação progressiva, ou seja, o processo pelo qual os cristãos se tornam cada vez mais semelhantes a Cristo ao longo de suas vidas. Ele acreditava que os crentes deveriam buscar a santidade e a obediência a Deus de maneira contínua e ativa, e que isso era possível por meio da graça e da orientação do Espírito Santo.
- Perfeccionismo cristão: Uma característica distintiva da teologia de Finney era sua crença no perfeccionismo cristão, a ideia de que os crentes poderiam alcançar um estado de santidade em suas vidas e viver sem pecado. Embora ele reconhecesse que os cristãos ainda poderiam pecar, Finney afirmava que a graça de Deus e o poder do Espírito Santo permitiam que os crentes vivessem de acordo com a vontade de Deus e resistissem à tentação.
Em resumo, a soteriologia de Charles Finney enfatiza o livre-arbítrio humano, a justificação pela fé, a regeneração pelo Espírito Santo, a santificação progressiva e o perfeccionismo cristão. Ele rejeitou a visão calvinista da predestinação e promoveu uma abordagem arminiana da salvação, na qual a escolha e a responsabilidade individual desempenham um papel central.
Críticas a Charles Finney
Algumas das principais críticas a Finney incluem:
- Teologia do Avivamento: Finney acreditava que os avivamentos religiosos podiam ser iniciados e mantidos por meio de esforços e técnicas humanas. Ele desenvolveu e empregou o que chamou de “novas medidas” para promover avivamentos, como chamadas de altar, bancos de ansiedade e apelos públicos à conversão. Críticos argumentam que essa abordagem subestima a soberania e a ação de Deus nos avivamentos, dando muita ênfase à capacidade humana de manipular e gerar experiências religiosas.
- Perfeccionismo Cristão: Finney defendia a ideia de que os cristãos convertidos poderiam alcançar um estado de santidade e viver vidas livres do pecado. Muitos críticos veem essa doutrina como problemática, argumentando que ela pode levar a um legalismo rígido, a uma falta de humildade e a uma compreensão errônea da natureza humana e da graça de Deus.
- Rejeição do Pecado Original: Finney rejeitou a doutrina tradicional do pecado original e, em vez disso, sustentou que os seres humanos nascem moralmente neutros e se tornam pecadores por meio de suas escolhas individuais. Críticos argumentam que essa perspectiva minimiza a gravidade do pecado e a necessidade da graça de Deus para a salvação.
- Oposição ao Calvinismo: A teologia de Finney estava fortemente alinhada com o arminianismo e se opunha ao calvinismo em questões como predestinação, depravação total e eleição. Críticos calvinistas veem a teologia de Finney como um desvio das doutrinas históricas e bíblicas da fé cristã.
- Estilo de pregação emocional: Finney era conhecido por seu estilo de pregação emocional e vívido, que alguns críticos consideram manipulador ou excessivamente focado nas emoções humanas, em detrimento da razão e do ensino bíblico sólido.
É importante notar que, apesar dessas críticas, Charles Finney teve um impacto significativo no cristianismo americano e no movimento do evangelicalismo moderno. Suas ideias e práticas moldaram a forma como os avivamentos religiosos e a evangelização foram conduzidos e também inspiraram muitos líderes cristãos a se envolverem em causas sociais e morais importantes.
A relação da Teologia de Finney com a Teologia do Novo pensamento
Algumas conexões possíveis entre a teologia de Finney e a Teologia do Novo Pensamento incluem:
- Ênfase na capacidade e responsabilidade humanas: Tanto Finney quanto o Novo Pensamento enfatizam o papel da escolha e da responsabilidade humanas na transformação pessoal e espiritual. Finney acreditava no livre-arbítrio e na capacidade humana de escolher a salvação, enquanto o Novo Pensamento se concentra no poder da mente e do pensamento positivo para criar mudanças na vida de uma pessoa.
- Potencial humano para a perfeição: Finney defendeu a ideia de perfeccionismo cristão, que sustenta que os crentes podem alcançar um estado de santidade e viver sem pecado. De maneira semelhante, o Novo Pensamento ensina que os indivíduos têm o potencial de se desenvolverem espiritualmente e alcançarem a perfeição. No entanto, é importante notar que Finney baseava essa ideia na graça de Deus e na ação do Espírito Santo, enquanto o Novo Pensamento tende a se concentrar mais no poder da mente humana e na autodeterminação.
Apesar dessas conexões, há diferenças significativas entre a teologia de Finney e a Teologia do Novo Pensamento. Finney era um evangelista cristão que se baseava na tradição protestante e se concentrava na salvação por meio de Jesus Cristo, enquanto o Novo Pensamento é um movimento mais abrangente que incorpora elementos de várias tradições religiosas e espirituais. Além disso, a Teologia do Novo Pensamento geralmente não enfatiza a necessidade de arrependimento e conversão no mesmo grau que a teologia de Finney.
Em resumo, embora existam algumas conexões entre a teologia de Charles Finney e a Teologia do Novo Pensamento, especialmente em relação à ênfase na capacidade e responsabilidade humanas, as duas tradições também têm diferenças fundamentais em termos de suas crenças e objetivos.
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