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“Vocês já notaram o que acontece quando se deseja muito alguma coisa e então se consegue ela? Um emprego novo, um cônjuge, uma qualificação importante, um aumento de salário? Começamos a desejar essas coisas. “Quando eu conseguir tal coisa, ficarei satisfeito e nada mais pedirei da vida”. Mas as coisas não funcionam desse jeito. No momento em que satisfazemos o desejo do nosso coração, já não nos sentimos mais satisfeitos. Queremos mais. Queremos alo diferente. O velho provérbio segundo o qual “ o melhor da festa é esperar por ela” expressa bem esse ponto. O paradoxo do hedonismo, a busca frustrada do prazer, repousa exatamente sobre essa observação. Parece que nada que seja finito é capaz de satisfazer o profundo anseio que sentimos dentro de nós.  De onde vem esse sentimento de anseio? Existe alguma maneira em que seja possível satisfazer esse anelo amargo e doce a um só tempo?…”

Excerto de um sermão pregado por Alister Mcgrath no Ridley College.

Prazer, beleza, relacionamentos pessoais: tudo isso parece satisfazer; entretanto, atingido tais coisas, descobrimos que aquilo que esperávamos delas não satisfaz, não está nelas, e sim além. Uma insatisfação divina permeia a vida humana, o que nos leva a perguntar se existe algo capaz de completar a busca do ser humano pela satisfação dos desejos do seu coração.

C.S Lewis responde positivamente. Ele diz que a fome é um exemplo excelente de uma sensação humana que corresponde a uma necessidade física real. A sede, de acordo com Lewis, é outro exemplo de um anseio humano que remete a uma necessidade igualmente humana, o que aponta para sua realização por meio da ingestão do liquido.

Lewis argumenta que o anseio infinito que temos, que não pode ser satisfeito por nada finito, aponta para a necessidade real do homem que só pode ser satisfeita em Deus.

Os críticos de Lewis dizem que sua argumentação baseia-se em uma falácia elementar. Ter fome não prova que haja pão à mesa. Lewis responde que essa objeção erra o alvo.

“ A fome física de um homem não prova que tal homem terá algum pedaço de pão; ele pode morrer de fome em um bote no meio do atlântico. Certamente, porém, a fome de um homem prova que ele pertence a uma raça que restaura seu corpo alimentando-se e que habita um mundo onde substancias comestíveis existem.  De igual modo, embora não creia que meu desejo pelo Paraíso prove que o desfrutarei, creio que ele é uma indicação muito boa de que tal coisa existe e de que alguns homens a desfrutarão.”.

Elmer Moore, um dos maiores filósofos platônicos dos Estados Unidos se converteu ao Cristianismo, veja sua reflexão sobre isso:

“ Meu anseio por uma voz que se fizesse ouvir no silêncio infinito cresceu a ponto de me torturar. Para me sentir satisfeito, tenho de ver face a face, tenho, por assim dizer, de tocar e sentir, mas como tornar isso possível?”

Moore diz que no começo se sentiu fascinado e satisfeito pelo belo mundo platônico das formas, pelo mundo puramente ideal. Gradativamente, porém, a decepção foi crescendo nele. Começou a sentir uma sensação inexplicável de solidão e abandono.Foi então que passou a buscar a Deus, “ por causa da solidão de um mundo Ideal em que não havia um Senhor”.

Jean Paul Sartre, mesmo com outros objetivos, referiu-se insistentemente á verdade desconcertante de que não podemos achar felicidade em nada que seja humano ou criado.

O Marxismo também reconheceu o sentimento de insatisfação humana e se propôs a curá-lo, com a destruição do capitalismo, contudo onde a revolução chegou esse sentimento de alienação e insatisfação continuou e continua.

O próprio hedonismo como já foi falado, se tornou paradoxal pois o prazer não pode satisfazer.

“ Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti ó Deus” Salmos 42.1

Referência

Apologética cristã no século XXI. Alister McGrath


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