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Os terraplanistas, ou seja, o pessoal que defende a Teoria esdrúxula de que a Terra é plana, carecem de fundamentação histórica, filosófica, científica e até mesmo exotérica em suas criticas ao heliocentrismo e à própria Ciência! Parecem muito com o caso do pessoal “desigrejado” que também carece muito de história de Igreja e de Teologia, até porque no conjunto interseção entre os dois grupos a porcentagem é bastante alta, o  que nas minhas observações deve atingir ou ultrapassar os 90% .

Os terraplanistas atiram pra todo lado em suas críticas a seus opositores, e esses tiros acabam muitas vezes pegando nos seus próprios pés, senão vejamos, eles dizem que o heliocentrismo é ou foi uma teoria conspiratória, maçônica, esotérica de adoradores do sol como Copérnico, Galileu, Newton e outros cientistas, dizendo isso eles afirmam que as teorias desses pensadores não têm fundamentação científica, por outro lado eles também odeiam a ciência e chamam de cientificista quem tenta provar ou mostrar a esfericidade da Terra através da ciência! Sobram para eles a interpretação bíblica (que eles acham que não existe)pois segundo o que eles deixam transmitir é que a Bíblia não precisa de interpretação e o que se lê é o que se quer dizer literalmente, e não se pode fazer contextualizações, inferências, deduções etc, dou como um exemplo a própria existência da Trindade que não está escrita literalmente nas Escrituras mas a maioria dos Teólogos conseguem enxergar claramente a presença de Pai, Filho e Espírito Santo como Deus! Mas não vamos tratar de Teologia aqui! Vamos tratar de ciência!

Numa coisa os TP têm razão, há um vínculo entre filosofia neoplatônica, hermetismo, tradição cabalística, magia, astrologia, alquimia e as teorias empíricas da ciência, a nova idéia de saber que, no entanto, avançava com lentidão e esforço dissolvendo esse vínculo.

O processo de revolução científica através de erros e acertos, prática e teoria  vai progressivamente distinguindo, criticando e rejeitando o pensamento mágico. Galileu ainda que por profissão tivesse que fazer horóscopos, mostra-se totalmente estranho ao pensamento esotérico em seus escritos. Descares do mesmo jeito.

Bacon não condena os nobres fins da magia, da astrologia e da alquimia, mas rejeita veementemente o seu ideal iniciático, de um saber secreto que torna um individuo totalmente estranho e obscuro perante a sociedade.Resultado de imagem para newton ciencia

Segundo Paulo Rossi: “ Para Boyle e Newton, para Descartes e Galileu, para Hooke e Borelli,  o rigor lógico, o caráter público dos métodos e dos resultados e o desejo de clareza eram coisas que deviam ser afirmadas em um mundo e em uma cultura que não os aceitavam como coisas óbvias e no qual prosperavam crenças, atitude e visões do mundo que se punham em contraste radical com a ciência e que, diante dela, pareciam constituir alternativa real para a cultura”.

Na cultura do século XVI, nem sempre é distinguível a reflexão especulativa e a mágico- astrológica. Magia e medicina, alquimia e ciências naturais, astrologia e astronomia operavam em uma espécie de estreita simbiose.  O Renascimento introduziu entre a Idade Média e a época moderna, idéias da tradição hermética e idéias mágico – astrológicas. Naturalmente, um dos resultados maduros da revolução científica seria a progressiva, mas nunca total e definitiva expulsão das idéias mágico-herméticas e astrológicas do campo da ciência.

A passagem de um sistema de pensamento para outro não é como um tipo de arco: em geral, é passagem lenta e trabalhosa. Uma idéia precisa de tempo para crescer e florescer.

Copérnico, Kepler e Newton fizeram parte de uma conspiração maçônica heliocêntrica?

Deve-se dizer que por mais que o Neoplatonismo e seu mito da centralidade do Sol tenha incentivado Copérnico a produzir a sua nova teoria astronômica, Copérnico realiza muitos cálculos e ordena muitas observações.  O Deus do platonismo e dos neoplatônicos é um Deus que geometriza: por isso, o universo é simples e geometricamente ordenado.Resultado de imagem para copernico ciencia

Quando Copérnico situou o sol e não a Terra no centro do mundo e que era a Terra que girava em torno do Sol, Copérnico movimentou novamente a pesquisa astronômica, que adquiriu tal dinâmica que, quando Newton cento e cinqüenta anos após a obra de Copérnico, fundamentou o que chamamos hoje de física clássica, já quase não havia restado das concepções de Copérnico a não ser a idéia de que o Sol é o centro do Universo.

Quando Kepler publicou em 1609, a Astronomia Nova, ainda não havia se passado sessenta anos da publicação do De Revolutionibus de Copérnico e no entanto, o avanço da astronomia já tinha superado as órbitas circulares de que trata toda a obra de Copérnico, substituindo pelas órbitas elípticas.

Segundo A. Koyré: “Nada nos parece mais distante da nossa ciência que a visão de mundo de Nicolau Copérnico. E, no entanto, sem a sua concepção, a nossa ciência nunca teria existido”.

Conclusão:

Independente de um culto ao Sol ter movimentado a parca ciência que se iniciava, mas que aos poucos foi se libertando do misticismo ajudada por instrumentos e cálculos, isso não iria interferir na forma da Terra que já muito antes era conhecida como circular por escolas de navegadores principalmente na Península Ibérica e até mesmo na cultura Vinking da Escandinávia.

E apesar de muitos desses cientistas terem participado de sociedades Secretas, coisa comum na época, em que se fazia sociedade secreta de tudo: de vizinhos, de  jovens, de jardineiros,  de pedreiros, de cientistas, etc o desenvolvimento da ciência foi se libertando pouco a pouco dos misticismos que vinham da magia, da astrologia e do orfismo, então os terraplanistas estão com a Bíblia? Não é o que os teólogos sérios também afirmam!

Referência:

História da Filosofia. Giovanni Reale & Dario Antiseri. Volume II

 


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