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montanismo e pentecostalismo

Veja nesse Artigo a Relação entre o Montanismo e o Pentecostalismo. Entendam porque o Montanismo foi classificado como uma doutrina herética. Não vejo o Montanismo como heresia, mas sim, vejo o Movimento Montanista como precursor do movimento Pentecostal. Então vamos lá:

O Montanismo é classificado na História da Igreja como uma seita herética. O nome do movimento cristão é derivado do seu principal expoente ou fundador Montano. Mas os argumentos que encontramos para tal classificação do movimento como herético, são frutos de mal entendidos doutrinários e da própria ortodoxia da igreja que se baseou no tripé: Canon, Confissão de fé e Magistério, em oposição ao  Montanismo que se baseou  principalmente nas revelações e Dons do Espírito Santo, situação  muito parecida com o que é hoje o movimento pentecostal, ou pentecostalismo, do qual faço parte sendo membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Assista também em vídeo esse mesmo texto comentado:

Críticas ao Montanismo e Pentecostalismo

As críticas ao montanismo naquela época são semelhantes com as criticas feitas aos pentecostais hoje, principalmente pelo cessacionismo das igrejas evangélicas tradicionais que dizem que os dons e manifestações do Espírito Santo cessaram na época dos apóstolos. Aliás se podemos enxergar traços do pentecostalismo no inicio da Igreja, também podemos encontrar traços de cessacionismo e da predestinação nesse começo, o cessacionismo como já dito, da resistência em acreditar na ação do Espírito Santo na igreja pós-apóstolica e a doutrina da predestinação oriunda de um contexto pior ainda, que foi a influência herética maniqueísta no começo eclesiástico.

Esses fatos tornam o esquerdismo evangélico que está atrelado ao cessacionismo e a predestinação, tão danoso ou pior do que o catolicismo romano, que do tripé ortodoxo acima mencionado, acabou entrando em um pensamento circular de Tradição apoiando as Escrituras e as Escrituras apoiando a Tradição para justificar um monte de aberrações doutrinárias ao longo da história, mas que seus movimentos carismáticos atenuaram em parte, quando não negam e buscam a ação dos dons espirituais  na igreja de hoje.

Então, vamos aos fatos sobre o Montanismo:

Montano foi um presbítero da região da Frígia em meados do século II. Na verdade, pouco se sabe sobre seu verdadeiro ensinamento, menos ainda sobre os detalhes de sua biografia. As principais fontes que falam sobre Montano são oriundas de seus oponentes católicos (entendam católicos como sinônimo de ortodoxia do inicio da igreja e não como católicos romanos), por isso temos que saber que existem distorções e exageros como toda história que na maioria das vezes é contada pelos vencedores. Por outro lado Tertuliano é uma grande fonte sobre o Montanismo, mas seus escritos também sofrem questionamentos, pois o mesmo era adepto do movimento.

Os montanistas produziram muitos escritos sagrados e originaram muitos escritos contra eles, mas a maioria desses escritos não nos foram legados. Nathanael Bonwetsch, apud Jaroslov Pelikan pg 114-115, definiu o montanismo a partir da fonte material existente, desta maneira: “Um esforço para moldar toda a vida da igreja de forma condizente com a expectativa do retorno de Cristo imediatamente à mão; definir a essência do verdadeiro cristianismo a partir desse ponto de vista e se opor a todas as condições por meio das quais a igreja tinha de adquirir uma forma permanente para o propósito de tomar posse de um desenvolvimento histórico mais longo” (Bonwestsch [1881], p. 139).

O Montanismo não tinha relação com as religiões orgíacas da Frígia.

Há uma tese de que o Montanismo é originário das religiões pagas da Frígia. No entanto, um exame mais apurado das fontes feito por Wilhelm Schepelern, conclui que o montanismo surgiu em uma atmosfera impregnada das concepções apocalípticas do Cristianismo e do Judaísmo e não com ensinamentos das religiões de mistério.

A explicação para a  origem do Montanismo parece estar no fato do esfriamento da igreja devido ao fortalecimento da política na mesma, o que fez diminuir as operações extraordinárias do Espírito Santo. A diminuição da esperança escatológica e o aumento do episcopado estatal indicam um processo de sedimentação já em voga na igreja do século II, fazendo que com muitos cristãos começassem a se ajustar à possibilidade de que a Igreja tivesse que viver no mundo por uma considerável quantidade de tempo ainda. Esse processo de sedimentação engatilhou o declínio em intensidade da frequência das manifestações carismáticas tão proeminentes nos primeiros anos do cristianismo.

O pentecostalismo estava presente mesmo antes do Montanismo

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Assim como católicos romanos gostam de fazer o questionamento retórico (já bastante refutado) de querer saber onde estavam os evangélicos antes da Reforma Luterana, evangélicos tradicionais gostam de fazer o questionamento também retórico de querer saber onde estavam os pentecostais antes do avivamento de Wesley.

Visões, sonhos, revelações e a declaração de falar em nome do Espírito Santo foram diminuindo diante do processo de sedimentação da igreja já exposto neste texto, no entanto, se essas manifestações do Espírito se tornam escassas na laicidade, elas continuam no Clero, sobretudo entre os monges. Celso fala da presença de “profetas” na Fenícia e Palestina (ap. Or. Cels. 7.8 [GCS 3:160]). Justino Mártir fundamentou em parte seu caso contra o judaísmo na afirmação de que “entre nós ainda agora há carisma profético” (Just. Dial. 82.1; 88.1 [Goodspeed, p. 194; 201]), enquanto a manifestação havia acabado entre os judeus; e Irineu escreveu que muitos irmãos da igreja de sua época, falavam em línguas por meio do Espírito, revelando os segredos do coração dos homens e os mistérios de Deus (Iren. Her. 2.32.4[Harvey 1: 374 -75].

Observa-se, portanto, que a fala profética era comum tanto no Montanismo como na igreja primitiva. É importante observar que o conteúdo das visões, revelações, profecias e sonhos não era doutrinal, mas ético. Tertuliano disse que o Paracleto tinha vindo para estabelecer uma nova disciplina, não um novo ensinamento (Tert. Jejun 1.3 [CCSL 2: 1257]). Hipólito e outros primeiro críticos do Monanismo enfatizaram suas críticas mais no rigor moral do movimento dito herético do que em alguma suposta aberração teológica.

O Montanismo afirmava que os dons do Espírito Santo estavam ausentes já na igreja daquela época por conta da frouxidão moral dos dirigentes e membros. A igreja estava permitindo que viúvas e viúvos casassem novamente, o que segundo os Montanistas era proibido devido a passagem de 1 Timóteo 3.2, “Marido de uma só mulher”.  A igreja estava ficando relaxada na prática do Jejum, mas os montanistas insistiam que a consumação dos séculos exigia maior rigidez no jejum do que nunca. O Montanismo em sua visão apocalíptica, chamava a igreja ao arrependimento, pois o fim estava bem próximo.

O Mal entendido e a acusação contra Montano

A partir de algumas fontes, parece provável que Montano, quando foi visto tomado pelo Espírito Santo, falou do Paracleto em primeira pessoa: “Eu sou o Senhor Deus que falo” (Epif. Haer. 48.11.1 [GCS 31: 233]). Didimo, o cego, transmitiu outro oráculo que tinha ouvido e fora atribuído a Montano: “Eu sou o Pai e o Filho e o Paracleto” (Did. Trin. 3.41 [PG 39:984]). Alguns críticos posteriores do Montanismo com base nessas afirmações extáticas de Montano disseram que o mesmo se identificava de maneira substancial com o Espírito Santo. Cirilo de Jerusalém escreveu: “Montano teve a audácia de dizer que ele mesmo era o Espírito Santo” (Cir. H. Cateq. 16.8 [Reischl-Rupp 2:214]).

Notamos claramente, que as críticas a Montano em se identificar com o Espírito Santo, não são exatas. As falas expressam o senso de passividade como um instrumento ou porta-voz do divino que é tão característico ao dom de profecias.

Maximila, uma das profetizas do movimento montanista, falou através do Espírito: “Eu sou a Palavra, o Espírito e o Poder” (Eus. H.e. 5.16.17 [GCS 9: 466]). Maximila não reivindicou essas características divinas para si mesma, mas para o Espírito que falava por seu intermédio.

O Montanismo como catalisador da Doutrina da Trindade

Parece realmente ter existido um grupo entre os Montanistas que concordavam com a heresia noetana que afirmava que o Pai é ele mesmo o Filho, e que ele experimentou nascimento, sofrimento e morte. Esse grupo tinha adotado a doutrina de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram apenas modos sucessivos de manifestação do único Deus.

Seria um erro, no entanto, concluir que o Montanismo implicava necessariamente a doutrina noetana. Ao contrário, a refutação mais poderosa contra essa heresia, veio do próprio montanista Tertuliano que atacou a doutrina da identidade entre o Pai e o Filho que alguns dos seus irmãos montanistas estavam usando como raciocínio teológico. Tertuliano foi o primeiro teólogo a usar a palavra Trindade em Latim. (Tert. Prax 3.1 [CCSL 2:1161]). As percepções montanistas de Tertuliano, ajudaram a igreja que no fim transcendeu sua fórmula e desenvolveu uma doutrina da Trindade mais sólida.

montanismo e pentecostalismoEnfim, o burocratismo da igreja relega a Profecia.

Hipólito ao admitir que a igreja não estava vivendo nos últimos tempos puxava o advento da segunda vinda para o futuro e puxava o tempo da profecia para o passado. Segundo ele, a profecia teria terminado com o apóstolo João, cujo Apocalipse, Hipólito sustentou ser a última profecia válida vinda do Espírito Santo (Hip. Antic. 47-48). Ao estabelecer a autoridade dos profetas bíblicos, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, Hipólito desmontou o centro do movimento montanista.

O Montanismo se tornou obsoleto para a igreja que começou a encontrar conforto na tripla autoridade apostólica ensinada por Irineu. A profecia apocalíptica do Montanismo não tinha lugar em uma igreja que começa a ficar em paz com o Império Romano e com o próprio sistema mundano.

A igreja para validar sua existência não olhava mais para o futuro na espera da vinda do Senhor, nem para o presente, através do dos do espírito, mas se volta ao passado, para a composição do cânon apostólico, para a criação do credo apostólico e  estabelecimento da sucessão apostólica. E esse tripé se tornou o padrão da ortodoxia.

A ortodoxia da igreja, no entanto, nunca conseguiu apagar a chama do Espírito, que ao longo da história da Igreja esteve presente na experiência de monges e frades, de místicos e profetas, na religião secreta de muitos crentes e agora no grande movimento pentecostal que passou pelos morávios, pelos irmãos Wesley, pela rua Azusa, e é muito forte na grande Assembleia de Deus no Brasil.

Portanto, Montanismo e Pentecostalismo são movimentos que podem ser considerados como parentes e ao mesmo tempo o dom de línguas sempre existiu na história da Igreja. Mesmo fora do Montnismo o dom de Línguas e profecias sempre esteve presente  e esse fogo não pode ser apagado e segue no Pentecostalismo de hoje.

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Referência

A Tradição Cristã. Uma história do desenvolvimento da doutrina. Jaroslav Pelikan


0 comentário

Jose Afonso · 28/03/2017 às 14:43

Pra que bíblia né?

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