Você já se perguntou como as escrituras sagradas foram compartilhadas e compreendidas ao longo da história? Com diversas traduções disponíveis, entender as nuances de cada versão pode enriquecer não apenas nosso conhecimento, mas também nossa experiência espiritual. As traduções da Bíblia são mais do que meros textos; elas são uma porta para a profundidade e a diversidade do entendimento espiritual. Neste contexto, a Septuaginta se destaca como uma das traduções mais antigas e influentes.
A Septuaginta, tradução dos textos hebraicos para o grego, não apenas facilitou a disseminação do Cristianismo no mundo greco-romano, mas também moldou a forma como entendemos muitos dos ensinamentos bíblicos hoje. Mas o que exatamente é a Septuaginta? Por que ela foi criada e qual foi o seu impacto no decorrer dos séculos? Este artigo explora a origem e a relevância desta tradução, proporcionando um mergulho profundo em sua história e sua importância contínua para estudiosos e fiéis.
Descobrindo as traduções da Bíblia e seu impacto na vida espiritual
A jornada através das diversas traduções da Bíblia não é apenas um exercício de erudição, mas um mergulho profundo nas nuances da fé e da espiritualidade. Desde as tábuas de pedra até os modernos aplicativos de Bíblia, cada tradução carrega consigo o peso e a perspectiva de seu tempo. Compreender estas variações não é apenas sobre ver as diferenças textuais, mas sobre entender como estas podem moldar nosso entendimento da mensagem divina e, consequentemente, nossa vivência espiritual.
O impacto das diversas traduções vai além da escolha de palavras ou estilo literário; ele atinge o cerne de como vivenciamos e praticamos nossas crenças. Por exemplo, a maneira como a Septuaginta introduziu conceitos do Antigo Testamento para o mundo greco-romano não apenas alterou a compreensão religiosa naquela época, mas também pavimentou o caminho para o Cristianismo primitivo. Esse tipo de transformação mostra o poder das palavras e como elas podem transcender barreiras culturais e temporais, influenciando práticas espirituais e a própria evolução da fé.
Além disso, a escolha de uma tradução pode refletir e influenciar a maneira como nos conectamos com Deus e com nossa comunidade. Em um contexto de oração, por exemplo, uma versão que ressoa mais profundamente com nosso entendimento pessoal e cultural pode facilitar uma conexão mais íntima e significativa. Isso mostra que as traduções da Bíblia não são apenas documentos históricos, mas ferramentas vivas de fé, essenciais para a orientação espiritual e prática religiosa diária.
Portanto, explorar as traduções da Bíblia é descobrir diferentes camadas de interpretação e significado que têm o potencial de enriquecer enormemente nossa vida espiritual. Cada versão oferece uma perspectiva única, permitindo-nos ver os textos sagrados através de novos olhos, questionar nossas premissas e fortalecer nossa fé com novos insights e entendimentos. Essa viagem pelas palavras sagradas é uma oportunidade de crescimento espiritual constante, onde cada texto pode se tornar uma nova revelação.
Septuaginta: uma janela para o passado, entenda sua origem e influência
A Septuaginta, tradução dos textos hebraicos para o grego, é considerada uma das pedras angulares na disseminação do Cristianismo nos territórios greco-romanos. Sua origem remonta ao século III a.C., quando a necessidade de uma versão do Tanakh acessível aos judeus que falavam grego se tornou evidente. Esse processo não apenas marcou a primeira grande tradução das escrituras judaicas, mas também estabeleceu um precedente para a importância de tornar os textos sagrados acessíveis em línguas vernáculas.
Depois das conquistas de Alexandre, o grego veio a ser a língua falada na bacia oriental do Mediterrâneo. Em algumas regiões – especialmente no Egito -, os judeus perderam o uso da língua hebraica. Foi no reinado de Ptolomeu II Filadelfo, ( 285 aC – 246 a.C), que o Egito experimentou um grande renascimento cultural e educacional e o judeus residentes no país passaram a gozar de vários privilégios religiosos e políticos. Um dos acontecimentos marcantes desse período foi a tradução das Escrituras hebraicas (Septuaginta) em beneficio dos judeus de língua grega que eram incapazes de entender o texto hebraico.
A versão das Escrituras Hebraicas em Grego que foi produzida em Alexandria ficou conhecida com Septuaginta (LXX) que é a palavra grega para “setenta”. Esse nome – e número provém de um antiga lenda segundo a qual Ptolomeu II, ordenou a 72 anciãos hebreus que traduzissem a Bíblia independentemente, e todos eles produziram trabalhos idênticos entre si. Ao que parece, o propósito dessa lenda era dar autoridade a essa versão, que na verdade, foi produzida ao longo de vários séculos, por tradutores com diferentes critérios.
Fílon de Alexandria endossou a inspiração divina da Septuaginta e fortaleceu a autoridade da Versão entre os judeus da diáspora, embora não tenha substituído a autoridade dos originais hebraicos, pelo menos não entre aqueles que eram capazes de consultá-los.
Septuaginta na época de Jesus
Na época em que Jesus nasceu, a maioria da Bíblia Hebraica, caso não toda ela, estava disponível em grego, embora o padrão da tradução fosse extremamente variável, mas apesar das controvérsias em torno da Versão, a importância da Septuaginta foi muito grande para a igreja cristã primitiva. Essa é a Versão que a maioria dos autores do Novo Testamento cita, e foi primordial para a formação do vocabulário cristão dos primeiros séculos. Os primeiros cristãos usaram a Septuaginta de maneira tão efetiva que os judeus se viram impelidos a produzir novas versões, a mais famosa foi a versão de Áquila, daí então deixaram os cristãos na posse da Septuaginta.
A principal Controvérsia
O papel que a Septuaginta desempenhou na época foi revolucionário, pois permitiu que o Judaísmo e, posteriormente, o Cristianismo, transcendessem suas fronteiras originais e dialogassem com diversas culturas. Além disso, a tradução se tornou uma ferramenta essencial para os primeiros cristãos, incluindo Paulo e os autores dos Evangelhos, que a utilizaram extensivamente, citando-a mais frequentemente em suas escrituras do que o texto hebraico original. Isso ressalta a influência significativa da Septuaginta na formação do pensamento e da doutrina cristãs.
Contudo, a tradução não foi isenta de controvérsias, principalmente relacionadas à precisão e interpretação de certas palavras e frases. Essas disputas não apenas destacam as dificuldades inerentes ao trabalho de tradução, mas também apontam para as profundas implicações teológicas que uma palavra pode ter.
A LXX diz que “uma virgem conceberá”, usando a palavra grega parthenos para traduzir o termo hebraico almah, que significa “mulher jovem” (grego, neanis). Os cristãos naturalmente se apoiavam em parthenos como uma profecia do nascimento virginal de Cristo, e o versículo é usado no Novo Testamento para conseguir esse efeito. Ninguém fez nenhuma objeção na época, mas a questão veio a ser discutida em meados do século II quando Áquila e outros corrigiram esse aparente erro ao usar neanis, em vez de parthenos em suas traduções. No diálogo com Trifão, Justino Mártir debate e argumenta a favor da LXX com relação a esses termos.
Fílon de Alexandria e Orígenes de Alexandria são dois exemplos de eruditos que contribuíram significativamente para a análise e crítica da Septuaginta, oferecendo correções e comentários que ainda hoje são estudados por teólogos e acadêmicos.
Orígenes de Alexandria (185-254?) produziu sua versão da Septuaginta ao revisar as versões judaicas. Seu formato corrigido da LXX veio a ser o Antigo Testamento da Igreja Grega, e permanece até hoje. Os judeus, no entanto, logo abandonaram a LXX quase totalmente, preferindo usar a tradução de Áquila ou voltar ao original hebraico, o que no fim eles fizeram.
Orígenes aplicou um rigor acadêmico quase científico em sua abordagem à Bíblia. Seu legado na Septuaginta não é apenas uma questão de erudição, mas também de espiritualidade, visto que ele via as Escrituras como um meio de ascensão espiritual, onde cada palavra e cada versículo comportam múltiplas dimensões de sentido e revelação divina. Esta perspectiva foi crucial para enriquecer a experiência de leitura e interpretação bíblica, estabelecendo um padrão de profundidade e riqueza que continua a inspirar estudos bíblicos até hoje.
Conclusão
Explorar as diversas traduções da Bíblia, incluindo a profunda história e significado da Septuaginta, é mais do que uma jornada acadêmica; é um caminho para enriquecer sua prática e vivência espiritual. Entender como essas traduções moldaram e continuam a moldar o cristianismo evangélico permite uma conexão mais profunda e pessoal com os textos sagrados, promovendo uma experiência de fé mais consciente e fundamentada.
Além disso, ao integrar esse conhecimento com práticas de meditação guiada, orientação de oração e aplicação de conceitos de bem-estar natural conforme explorado em nosso portal, você pode alcançar um crescimento pessoal e espiritual significativo. Isso não apenas fortalece sua fé, mas também contribui para uma vida mais saudável e próspera, em harmonia com os ensinamentos bíblicos e a visão holística que promovemos.
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Assista em vídeo a História da Septuaginta:
Fontes:
História da Teologia Cristã. Gerlad Bray. Shedd Publicações
Dicionário Bíblico Wycliffe.
História Ilustrada do Cristianismo. Justo González
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