O Marcionismo foi contemporâneo do Gnosticismo, às vezes classificado como tal. O Marcionismo estava totalmente inserido dentro da Igreja cristã e chegou até mesmo a ser uma igreja rival dentro do Cristianismo. Então vamos à história de como surgiu a heresia de Marcião.
Marcião era filho do bispo de Sinope na Região do Ponto. Era cristão mas ao mesmo tempo nutria duas aversões: Uma contra o mundo material e outra contra o Judaísmo. Em Roma por volta de 144, Marcião conseguiu vários seguidores que até cogitaram em fazê-lo bispo.
Mas com o tempo, grande parte dos cristãos percebeu que os ensinos Marcionitas contradiziam a fé ortodoxa. Marcião criou sua própria Igreja que perdurou por vários séculos. Marcião não gostava do mundo material, no entanto, sua narração se diferenciou da dos gnósticos.
A Heresia de Marcião e a Criação
Marcião propôs uma história mais simples com relação à criação. Segundo ele, o Deus do Novo Testamento e pai de Jesus Cristo não é o mesmo Jeová do antigo testamento. Há um Deus Altíssimo que é o pai de Jesus Cristo, e um ser inferior, que é Jeová. Foi Jeová que fez este mundo.
O Propósito do Deus Supremo era que houvesse um mundo puramente espiritual, mas Jeová por ignorância ou por maldade, fez este mundo, e nele inseriu a humanidade. Isto implica que o Antigo Testamento é apenas a palavra de Jeová e não do Deus Superior.
Na Teoria de Marcião, Jeová é um deus ciumento e arbitrário que elegeu um povo acima dos demais, é vingativo e confere a quem lhe desobedece, ou seja é apenas deus de Justiça, não de amor e misericórdia.
O pai dos Cristãos seria o Deus Supremo que está muito acima de Jeová, não é Deus vingativo mas é todo amor. Ele nos fornece a salvação gratuitamente, ele não estabelece leis, mas nos convida a amá-lo. O Deus Supremo se compadeceu das criaturas de Jeová e enviou seu filho para nos libertar.
Na visão marcionita Jesus não nasceu de Maria, pois este fato tornaria Jesus súdito de Jeová. Para Marcião, Jesus apareceu repentinamente com aparência de um homem de 30 anos, na época do Imperador Tibério.
Marcião e o Canon
Não haverá nenhum julgamento segundo à doutrina de Marcião, pois o Deus Supremo é um ser totalmente amoroso que nos perdoa de tudo. O Velho Testamento era mal visto e Marcião queria se livrar dele. Não queria que fosse lido nas igrejas nem poderia ser base para o Cristianismo.
Só o Evangelho de Lucas e as epístolas de Paulo eram os livros aceitos por Marcião, ainda assim, todas as partes desses livros que citassem o Antigo Testamento, deveriam ser retiradas. Segundo Marcião, as referências ao Antigo Testamento tinham sido incluídas por judaizantes que adulteraram os livros de Paulo e Lucas.
Marcião e seus ensinos representaram uma grande ameaça à Igreja Cristã do Século II. Chegou a organizar sua própria Igreja com seus bispos que eram rivais da outra Igreja. Para muita gente as doutrinas de Marcião eram simples e lógicas.
Assista A Heresia de Marcião em Vídeo:
Referência
História Ilustrada do Cristianismo. Justo L. Gonzalez
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