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catolicismo

Diante dos gnósticos e de Marcião, o restante da igreja dizia possuir o evangelho original e os verdadeiros ensinos de Jesus. De acordo com os Gnósticos, Jesus ensinou “a verdadeira gnosis” para algum apóstolo, e este por sua vez fez chegar aos gnósticos.

Marcião, por seu turno, se fiava apenas nos Escritos de Paulo e ainda assim tentava expurgar nesses escritos toda referência ao Judaísmo. Portanto, nessa época, o que se debatia era a autoridade da Igreja diante das heresias.

Neste contexto, o argumento da sucessão apostólica assumiu total importância. Este argumento da Igreja dizia que se algum apóstolo recebeu algum ensinamento secreto, seria de se esperar que esse apóstolo passaria o ensino aos outros apóstolos, nos quais Jesus confiou-lhes a direção da igreja.

Por conseguinte, se houvesse algum ensinamento secreto, esse ensino se encontraria entre os discipulos e seus sucessores e não nas mãos de estranhos. No entanto, os líderes da Igreja no século II, que estavam na linha de sucessão direta dos apóstolos, negavam a existência de tais ensinamentos secretos, o que tornava falsa as alegações dos hereges de que tinham ensinamentos superiores ao da Igreja.

A Igreja do século II, ainda que não perfeitamente, conseguia mostrar sua conexão com os apóstolos. No princípio não havia bispo no sentido moderno, inclusive em Roma, mas havia um grupo de vários oficiais que às vezes recebiam o título de “bispo” outras vezes de “ancião”.

Não só Roma, mas Antioquia, Éfeso e outras sedes, possuíam listas de bispos sucessores diretos dos apóstolos.

Assista em vídeo: 

O Termo Católico

Por conseguinte, diante das pretensões dos Hereges que diziam ter uma doutrina secreta que só eles conheciam, a igreja mostrava sua doutrina, abertamente ensinada por todos desde a época dos apóstolos. Diferente dos gnósticos que baseavam seus ensinos nos segredos de tal ou qual apóstolo, a igreja pregava a doutrina universal de “todos” os apóstolos.

Portanto, a frase “igreja católica” quer dizer “universal”, “segundo o todo”. Isto porque diante dos hereges, a Igreja do século II começou a se dar o título de “católica”. A igreja argumentava que não era como os gnósticos que  eram apenas grupos surgidos em Roma ou Alexandria que se limitava a poucos lugares.

A Igreja católica dizia que existia em Roma, Alexandria, Éfeso, Antioquia e ainda além dos confins do Império. Grupos de Gnósticos se dividiam, alguns diziam ter o conhecimento secreto de Tiago, outros diziam ter o “Evangelho de Tomé”. Marcião cria que só Paulo pregava corretamente o Evangelho.

Diante de tais visões parciais, a Igreja apresentou sua visão “católica”, “segundo o todo”. A base de seus ensinos não seria apenas um evangelho, mas “quatro” evangelhos, além das cartas de Paulo e de outros apóstolos. Portanto, a Igreja segundo o todo, basearia seus ensinos sobre “todos” os “apóstolos”.

Concluindo, dizemos que o termos católico não tem nada a ver com briguinha entre católico apostólico romano contra protestante, que o termo tem sua história e contexto como foi apresentado.  Portanto é uma falácia anacrônica usar o argumento de catolicismo contra o protestantismo, como fazem muitos católicos apostólicos romanos membros da ICAR.

Usar os escritos de Irineu de Lion ou outro pai apostólico para impor superioridade contra o protestantismo, é apenas um argumento falso utilizado por quem não tem conhecimento de história da Igreja, ou por quem utiliza por maldade mesmo. Fiquem com Deus.  A paz do Senhor.

Referência

História Ilustrada do Cristianismo. Justo L. Gonzalez.


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