Na Categoria dos grandes primeiros mestres cristãos sistematizadores de uma Teologia estão: Ireneu de Lião, Clemente de Alexandria, Tertuliano de Cartago e Orígenes de Alexandria. Foi durante a segunda metade do século II, que esses homens começaram a apresentar uma ideia de totalidade da Teologia cristã contra as especulações dos gnósticos e de Marcião.
Nesse post, trataremos da vida, pensamento e obra de Ireneu de Lião.
Ireneu de Lião
Provavelmente Ireneu era natural de Esmirna na Ásia Menor. Nasceu por volta de 130 e foi discípulo do bispo Policarpo. Todavia, Ireneu mudou-se para Lion na França, onde chegou a ser presbítero da igreja. Ireneu estava em Roma quando houve perseguição em Lion e Viena em que morreram alguns mártires como Blandina e o bispo Fotino.
Quando regressou a Lion, foi eleito bispo no lugar de Fotino. Ireneu não era um filósofo como Justino, antes de tudo era um pastor interessado em dirigir os fiéis na sã doutrina e na vida correta. Seus escritos pretendiam simplesmente refutar os hereges e instruir os crentes.
Suas obras mais famosas foram: A demonstração da fé apostólica e A refutação da falsa gnosis, mais conhecida como Contra as heresias. Em sus obras, Ireneu se limita a expor a fé que recebeu de seus mestres sem fazer grandes especulações filosóficas.
Por ser um pastor por excelência, Ireneu também concebe a Deus como um pastor. Deus é um ser que cuida, que ama, não criou a humanidade e o mundo por erro, mas por seu próprio desejo de ter uma criação a qual ama e a dirige como um pastor que cuida de suas ovelhas.
Segundo Ireneu, o ser humano foi criado desde o princípio com Livre Arbítrio, portanto, responsável. Diante dessa liberdade, podemos desfrutar de uma comunhão sempre crescente com nosso criador. Deus colocou o primeiro casal no mundo não em um estado de perfeição, mas como crianças que poderiam crescer na comunhão com Ele.
O ser humano teria sido criado para ter uma comunhão com o Pai, mais íntima até mesmo que a comunhão dos anjos com o Criador. A própria função dos anjos seria de gerir o ser humano rumo à essa intensa Comunhão. Além dos anjos, Deus contava com o Verbo e o Espírito Santo para dirigir e instruir a Humanidade.
Segundo o autor, o propósito de Deus é fazer-nos cada vez mais semelhantes a Ele. Não que algum dia chegaremos a ser iguais a Deus, pois Deus se encontra tão infinitamente acima de nós, que sempre teremos algo a aprender rumo à “divinização” como se referia Ireneu.
Assista em Vídeo Irineu de Lyon
Satanás, um dos anjos, sentiu ciúmes dos propósitos de Deus para com o ser humano, por isso tentou Adão e Eva a pecar e conseguiu. Como resultado, o casal foi expulso do paraíso e o crescimento espiritual do ser humano atrofiou-se.
O Verbo encarnado, Jesus Cristo, veio a ser o remédio contra o pecado e meio para a derrota de Satanás. Mas a encarnação do Verbo não é o resultado do pecado humano. Jesus Cristo foi o modelo que Deus utilizou ao criar o ser humano segundo sua “imagem e semelhança”. Desde o princípio Deus tinha o propósito de unir-se à humanidade como O fez em Jesus Cristo.
No Sistema pregado por Ireneu, o povo judeu cumpre o propósito de ser um povo escolhido para a preparação da humanidade para a Comunhão com Ele. O Antigo Testamento, portanto, seria a história de como Deus continuou a história redentora, mesmo depois de Adão e Eva pecarem.
Quando chegou o momento adequado, a “plenitude dos tempos”, o Verbo encarnou se tornando o “segundo Adão”, com sua vida, morte e ressureição, uma nova humanidade foi criada. Jesus foi corrigindo o mal do primeiro pecado, em todas as suas ações aqui na Terra.
Quando chegar a consumação dos séculos, o Reino de Deus será estabelecido e isso não quer dizer que a Tarefa de Deus como Pastor terá terminado, mas a humanidade redimida continuará crescendo na sua comunhão com Deus por toda a eternidade.
Referência do Artigo Ireneu de Lião
História Ilustrada do Cristianismo. Justo L. Gonzales
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