As filosofias no tempo do Novo Testamento não eram tão distintas da religião. As visões de mundo propostas por filósofos tentavam definir o comportamento adequado e crenças. Em geral eram pouco os seguidores plenamente instruídos em qualquer das filosofias, pois o estudo aprofundado exigia muitas vezes um estilo de vida desapegado. Somente os ricos ou os mendicantes poderiam se envolver plenamente nesse aprendizado. Geralmente foram os mendicantes que conseguiram maior sucesso na difusão das ideias de suas escolas.
Filosofia Estoica – Estoicismo
O principal e mais conhecido foi Zenão que viveu no início do século III a.C. Ensinou sob os pórticos de Atenas, ou seja ao ar livre (stoa). Sendo um materialista, Zenão defendia que tudo que existe é matéria, com uma única exceção: a “alma do mundo” na qual toda a matéria se encontra envolvida e que ele identificou com razão ou logos. Podemos dizer que na essência o estoicismo era panteísta (Deus é tudo) outras vezes panenteísta (Deus é uma parte de tudo). O segredo para a satisfação na vida seria descobrir o que os humanos podem controlar e o que não podem.
Zenão acreditava que há um bem maior em todo mal aparente externo. A meta do individuo seria evitar todos os extremos da paixão ou emoção, buscar a tranquilidade, o autocontrole e a estabilidade em todos os momentos, o que só poderia ser alcançado alicerçado na razão e na racionalidade.
Sêneca, o tutor de Nero, foi o estoico mais famoso no início do século I. Epiteto, foi o mai destacado já no fim daquele século, ensinava que a felicidade só é atingida pela restrição consciente da ambição.
Filosofia de Epicuro – Epicurismo
Epicuro iniciou sua Escola de Filosofia em Atenas na mesma época em que Zenão ensinava o Estoicismo. Epicuro era materialista, ensinava que o Universo era composto de minúsculas partículas invisíveis (antecipou a teoria atômica). Para o filósofo, os deuses eram incognoscíveis, ou seja, eram distantes das questões do mundo e não tinham nenhuma influência sobre ele. A morte era o fim da consciência do individuo.
Logo, o segredo da vida era maximizar o prazer e minimizar o sofrimento. Esse ensino formou o famoso lema: “Comamos, bebamos e alegremo-nos, pois amanhã morreremos”. No entanto, Epicuro não tinha uma vida desregrada, era uma pessoa fechada que buscava a paz de espírito e a felicidade a longo prazo, não a satisfação efêmera ou desenfreada os apetites corporais. O epicurismo leva em conta o cultivo da amizade e o desfrute das atividades culturais. Muitos adeptos não entenderam o epicurismo e cometeram abusos e excessos pois não estavam preparados para postergar a satisfação dos apetites corporais em detrimento de um prazer maior, a longo prazo.
Cinismo
O pioneiro do pensamento Cínico foi Antístenes (início do século IV a.C), mas o mais famoso representante deste movimento foi Diógenes de Sínope. Diogenes era chamado de “cão” (do grego, kuon– daí o termo “cínico”) por seus detratores pelo seu estilo de vida desleixado, “vadio”. Usava linguagem vulgar, roupas sujas, defecava e fazia sexo em público. O Cinismo evoluiu ao longo do tempo para uma filosofia em que a virtude total era uma vida simples, não convencional, de rejeição ao conforto, fartura e convenções sociais. Um escritor cínico resumiu seu ensino assim: “Cuide de sua alma, mas cuide de seu corpo somente na medida em que a necessidade exige”. (Pseudo-Crates, Epístola 3). Os cínicos se fiavam na mendicância para sobreviver, limitando-se a possuir apenas um cajado, um manto e uma bolsa.
Referência
Craig L. Blomberg. Introdução aos Evangelhos.
2 comentários
São Justino o Mártir Exateus · 27/07/2020 às 19:26
[…] é certamente o mais importante pensador cristão dos meados do século II. Justino estudou diversas filosofias de sua época antes de tornar-se cristão. Depois de estudá-las chegou à conclusão que o cristianismo era a […]
Filosofias no Tempo do Novo Testamento — Exateus | · 15/01/2020 às 19:45
[…] via Filosofias no Tempo do Novo Testamento — Exateus […]