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São Justino o Mártir

 

São Justino o Mártir é certamente o mais importante pensador cristão dos meados do século II. Justino estudou diversas filosofias de sua época antes de tornar-se cristão. Depois de estudá-las chegou à conclusão que o cristianismo era a “verdadeira filosofia”. Justino tornou-se então um “filósofo cristão” e boa parte do seu pensamento foi dedicado em descobrir e explicar as relações entre o Cristianismo e a filosofia clássica.

Nasceu em Samaria por volta do ano 100 d.C. Sua cidade natal era Flávia Neápolis que se situava perto das ruínas de Siquém onde Jesus travou o famoso diálogo com uma mulher no Poço de Jacó. Justino não parecia ter herança cultural samaritana, não era circuncidado, seu nome era latino e falava grego. O mais provável é que seus genitores vieram morar na cidade a pouco tempo antes de seu nascimento.

Mesmo jovem, Justino era um amente da Filosofia, por isso, por volta dos seus 30 anos rumou para uma cidade grande para estudar com grandes mestres de escolas filosóficas. Provavelmente, essa cidade foi Éfeso, pois o historiador Eusébio o cita algumas vezes lá. Talvez ali o futuro Mártir ficou sabendo da história de outro Mártir: Inácio de Antioquia. 

Seu primeiro mestre foi um estoico. Justino se dedicou ao estoicismo por um longo tempo. Se desiludiu com essa doutrina quando percebeu que seu mestre não tinha nenhum conhecimento pessoal de Deus e até desencorajava tal empreitada nesse sentido. Para Justino o verdadeiro sentido da Filosofia era investigar a Divindade.

Justino abandonou os estoicos e foi estudar com um arrogante seguidor de Aristóteles. No entanto, o mestre aristotélico parecia muito preocupado no valor monetário das aulas, isso sou estranho para Justino que desconfiou da dignidade do professor. Logo em seguida, Justino procurou um pitagórico que também lhe pareceu arrogante quando o repreendeu por não ter estudado música, astronomia e geometria.

Assista em vídeo: São Justino Mártir

Foi com um mestre platônico que Justino começou a se animar, o platonismo enfatizava a descoberta dos ideais espirituais mais elevados que transcendem o mundo material. Justino começou a se sentir sábio e achou que logo receberia em breve uma visão de Deus.

Justino e o encontro com um ancião.

Certo dia, estando em um lugar isolado à beira mar refletindo sobre a filosofia de Platão, percebeu que estava sendo seguido por um homem idoso. Quando chegaram a se encarar, o idoso perguntou: – Tu me conheces? – Justinho respondeu que não. – Então por que estás me fitando? – perguntou o idoso. – Justino respondeu que queria saber o que uma pessoa faz em um lugar tão afastado. O idoso respondeu: “Estou preocupado com algumas pessoas de casa. Foram embora e me deixaram, e por isso vim procurá-las pessoalmente caso aparecem em algum lugar”.

Deste modo, os dois travaram uma conversa e logo estavam envolvidos em um diálogo filosófico de como encontrar Deus.  O Idoso então apontou um caminho diferente da reflexão platônica de Justino: a revelação divina. “Será que, em algum momento, a mente humana contempla Deus, se não for instruída pelo Espírito Santo? – Indagou o idoso que começou a mostrar para Justino que os filósofos tinham opiniões contraditórias sobre assuntos espirituais.

Justino, já abalado com as falas do idoso, indagou; “Se até os mais sábios mestres filósofos não conhecem a verdade, a quem devo me voltar?” Nessa hora, o Idoso guiou o Filósofo às Escrituras. Falou sobre os Profetas que eram inspirados pelo Espírito Santo que escreveram mensagens da parte de Deus. E o instruiu dizendo que qualquer pessoa que lê-se aqueles Escritos encontraria o verdadeiro conhecimento a cerca de Deus.

Por fim, o velho homem instou Justino com as seguintes palavras: “Roga, acima de tudo, para que os portões da Luz sejam abertos para ti, pois estas coisas não podem ser concebidas ou compreendidas por todos, mas apenas para o homem a quem Deus e o seu Cristo concederam sabedoria”. O homem seguiu seu cominho e Justino nunca mais o encontrou.

A Palavra proferida tocou profundamente a Alma de Justino, que descreveu sua experiência de Conversão do seguinte modo:

Imediatamente uma chama se acendeu em minha alma; e o amor pelos profetas e pelos homens que são amigos de Cristo me dominou; e, enquanto refletia sobre suas palavras em minha mente, percebi que apenas esta filosofia (cristã) é segura e proveitosa. Por essa razão, sou filósofo. Além disso, desejo que, como eu, ninguém fique distante das palavras do Salvador.

Justino Cristão

Justino não nutriu um sentimento negativo com relação ao pensamento grego, diferente de seu discípulo Taciano, o que não fazia daquele pensador um cristão menos convicto, pelo contrário, quando chegou o momento de testificar sua fé cristã diante dos tribunais, o fez com toda convicção; em razão disso, passou para a história com a honrosa alcunha de “Justino, o Mártir”.

Justino conseguiu enxergar vários pontos de contato entre o Cristianismo e a filosofia clássica. Muitos filósofos falaram de um ser supremo que se encontra acima dos demais seres, do qual todos derivam de sua existência. Sócrates acreditava em uma vida após a morte, demonstrou isso na maneira em que morreu. Platão falava em outro mundo que não esse, de realidades eternas.

Apesar de saber quer os filósofos tinham razão em muitas coisas, Justino não estava totalmente de acordo com suas ideias, como por exemplo, dava ênfase na ressurreição do corpo e não na imortalidade da alma. No entanto, enxergava traços de verdade no pensamento secular que não deveria ser fruto do acaso.

São Justino e o Logos

Justino tenta explicar as semelhanças entre a filosofia grega e o Cristianismo recorrendo à doutrina do Logos. O termo logos significa tanto “razão” como também “palavra”. De acordo com os pensadores gregos, só podemos compreender algo porque participamos do logos ou razão universal. De acordo com a crença cristã, o Logos é Jesus Cristo, crença fundamentada no Evangelho de João que diz que o Verbo (logos) se fez carne e habitou entre nós.São Justino o martir

O apóstolo João afirma em seu Evangelho que o Verbo ou Logos é a luz que ilumina todo aquele que vem a este mundo. Jesus é a fonte de todo conhecimento verdadeiro, mesmo antes de sua vinda material. Paulo também fala que os antigos judeus tiveram uma revelação de Cristo mesmo antes de sua encarnação (1 Co 10.1-4). Justino conclui que entre os pagãos também houva uma revelação do Verbo mesmo que em parte.

Se o mesmo Verbo que é Jesus Cristo deixou-se conhecer na Antiguidade e no mundo todo, Sócrates, Platão e outros filósofos eram também de certa forma “cristãos”, pois o conhecimento bom deles advinha de Cristo. O cristão tem a vantagem de conhecer Jesus em sua encarnação como homem e nos seus ensinamentos, os outros só conhecem parcialmente.

O pensamento de Justino abriu trincheira para que o cristianismo absorvesse tudo de bom que pudesse encontrar na cultura clássica como Paulo mesmo ensinou: Examinai tudo. Retende o bem. (1 Ts 5:21). Logo outros pensadores também trilharam o mesmo caminho de Justino mesclando a fé cristã com a cultura clássica da antiguidade. 

São Justino e Trifão.

Justino andava pelas ruas de Éfeso vestido como um filósofo. Sua roupa era um pano quadrado de material áspero, parecido com um cobertor, que era dobrado e colocado ao redor do corpo. Pálio era o nome da vestimenta, visivelmente diferente das togas usadas pelos homens comuns de Roma. Justino foi o primeiro cristão que se vestia com um pálio. São Justino o martir

Certo dia, vestido como um filósofo e passeando por uma longa avenida, Justino foi abordado por um estranho que lhe deu um bom dia. O que eu posso fazer por ti? –  Respondeu Justino. O homem lhe falou que seu mestre o aconselhou a sempre cumprimentar alguém vestido com um pálio. Pois sempre poderia sair palavras de sabedoria da boca de um filósofo.

O homem era Trifão, um judeu fugido da Palestina por conta da Guerra que o Zelote Simão Bar kokhba, instigou contra Roma em 132-135 d.C. Justino e Trifão começaram a conversar sobre Teologia judaica e cristã e logo estavam envolvidos em assuntos espirituais com visões opostas. O encontro se tornou um debate amistoso que durou dois dias em que ambos acharam proveitoso.

Diálogo com Trifão

25 anos mais tarde Justino escreveu aquele debate que ficou conhecido na Teologia como Diálogo com Trifão.

Artigo em Construção….

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