Lutero e a Teologia da Cruz

A Teologia da Cruz de Martinho Lutero é um tema que se enquadra na Teologia, tanto na parte da Revelação Geral de Deus quanto na parte da doutrina de Jesus Cristo, mais especificamente na sua expiação.

É importante relatar ainda que a Teologia da Cruz de Lutero é uma das contribuições mais importantes para o estudo da obra de Cristo. Essa doutrina se origina em 1518, num debate ocorrido na Universidade de Heidelberg em que o Reformador distingue entre a fé evangélica e as corrupções medievais, ou seja uma é baseada na theologia crucis (teologia da cruz) e a outra na theologia gloriae (teologia da glória).

Lutero dizia que a igreja medieval seguia o caminho da glória ao invés do caminho da cruz. Ele fez um resumo destas duas perspectivas:

” O teólogo da cruz (ou seja, o que fala do Deus crucificado e abscôndito) ensina que penas, cruzes e mortes são o tesouro mais precioso de todos e as relíquias mais sagradas, que o próprio Senhor desse teologia consagrou e bendisse, não apenas através do toque de sua santíssima carne, mas também através do amplexo  de sua vontade supersanta e divina, deixando-as aqui como (as relíquias) que, em verdade, devem ser beijadas, buscadas, abraçadas. Sim, bem -aventurado e bendito é quem parece a Deus digno de que lhe sejam dados esses tesouros das relíquias de Cristo; ou melhor: (bem aventurado e bendito é) quem compreende que eles lhe são dados.

O teólogo da Glória, porém ( isto é, que não conhece com o apóstolo, tão-somente o Deus crucificado e abscôndito, mas, com os gentios, vê e fala do Deus glorioso, de suas (coisas) invisíveis a partir das visíveis. (do Deus) onipresente e onipotente), aprende de Aristóteles que o objeto da vontade é o bem e que o bem é digno de amor, o mal, contudo digno de ódio, razão pela qual Deus é o sumo bem e sumamente digno de amor. Daí que, dissentindo do teólogo da cruz, define que o tesouro de Cristo são as reflexões e isenções das penas, sendo estas as piores coisas e as mais dignas de ódio. O teologo da Cruz, pelo contário, (afirma que) o tesouro de Cristo são imposições e obrigações de penas, sendo estas as melhores coisas e as mais dignas de amor”.

Para Lutero, a teologia da Glória utiliza as obras para chegar ao conhecimento de Deus. E os degraus dessa escada são: a especulação, presente na teologia natural e na arrogante razão humana; as boas obras, que se arrogam meritórias e acabam virando legalistas; e o misticismo que era a base preferida dos monges.

Mas para o reformador, a Deus não se conhece como quem usa uma escada para subir numa casa. Todos os esforços da mente humana para elevar-se a céu e conhecer a Deus são totalmente inúteis. A Teologia da Glória pretende ver a Deus naquelas coisas que nós humanos consideramos mais valiosas e isso é tentar fazer Deus à nossa própria imagem e pretender que Deus seja como nós desejamos que Ele seja.

A suprema Revelação de Deus ocorreu na cruz de Cristo. Segundo Lutero, o que a Teologia da Cruz busca é ver a Deus não onde queremos vê-lo, mas sim onde Deus se revela, e como ele mesmo se revela, isto é , na Cruz. Nela, Deus se revela na fraqueza, no sofrimento e no desprezo. Ou seja, Deus atua de maneira totalmente distinta ao que o ser humano espera.

A Cruz e o Apóstolo Paulo

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.
Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes.
Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.1 Coríntios 1:18-21

Conclusão

De acordo com  Lutero, a queda do homem no jardim do Éden, envolveu muito mais do que a morte pessoal e a deterioração moral, envolveu também a capacidade do homem conhecer a Deus e ter comunhão com ele. O Deus revelado, se torna então, Deus oculto.

Só através da Redenção o homem  pode restaurar a sua comunhão com Deus. No Velho Testamento, o único lugar onde Deus se encontrava com seu povo era no propiciatório (Êx 25.22), no lugar do sacrifício. Mas agora o lugar do encontro redentor final com Deus foi revelado na Cruz de Cristo através do Evangelho.

Hino/música A Mensagem da Cruz – Letra/ Harpa Cristã

Rude cruz se erigiu
Dela o dia fugiu
Como emblema de vergonha e dor
Mas contemplo essa cruz
Porque nela Jesus
Deu a vida por mim, pecador

Sim, eu amo a mensagem da cruz
‘Té morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz
‘Té por uma coroa trocar

Desde a glória dos céus
O Cordeiro de Deus
Ao calvário humilhante baixou
Essa cruz tem pra mim
Atrativos sem fim
Porque nela Jesus me salvou

Sim, eu amo a mensagem da cruz
‘Té morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz

‘Té por uma coroa trocar

Nesta cruz padeceu
E por mim já morreu
Meu Jesus, para dar-me perdão
E eu me alegro na cruz
Dela vem graça e luz
Para minha santificação

Sim, eu amo a mensagem da cruz
‘Té morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz
‘Té por uma coroa trocar

Eu aqui com Jesus
A vergonha da cruz

Quero sempre levar e sofrer
Cristo vem me buscar
E com Ele, no lar
Uma parte da glória hei de ter

Sim, eu amo a mensagem da cruz
‘Té morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz
‘Té por uma coroa trocar

Composição: Antonio Almeida.

Referências do Artigo: Lutero e a Teologia da Cruz: O que significa?

História Ilustrada do Cristianismo. Justo L Gonzalez. Vida Nova

Teologia Sistemática. Franklin Ferreira e Alan Myatt. Vida Nova

 

 


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