O impacto de constantino

O texto de hoje irá abordar o Impacto de Constantino na Igreja. Então nortearemos a questão com algumas perguntas: A Conversão de Constantino foi verdadeira? Foi Constantino que Trocou o Sábado pelo Domingo? e a principal: Foi Constantino que criou a Igreja Católica?

A Conversão de Constantino foi Verdadeira?

A conversão de Constantino foi diferente da conversão de uma pessoa comum da sua época. Quando algum pagão queria aderir ao cristianismo, este era submetido a um longo processo de aprendizado e disciplina que poderia durar até três anos afim de solidificar o novo convertido na sua nova fé antes de ser batizado. Algo muito parecido com o processo de discipulado que ocorre em muitas igrejas evangélicas atuais, apesar do nome desse processo ter sido  catequese, que a igreja católica conserva até hoje, o que vemos na mesma é o batismo infantil antes mesmo de qualquer aprendizado e decisão. Depois do batismo, o novo convertido então seguia seu bispo como pastor para colocar sua fé em prática nas situações concretas da vida.

Constantino nunca se submeteu em nenhum aspecto à autoridade pastoral da igreja. Ele recebia conselhos cristãos através do sábio Lactando e do bispo Óssio de Córdoba, mas sempre se reservou no direito de determinar suas atitudes religiosas, pois se considerava “bispo dos bispos”. Mesmo após sua conversão, Constantino participou de rituais pagãos que eram proibidos aos cristãos, e os bispos não tinham coragem de repreendê-lo.

O imperador apesar de favorecer os cristãos em muitos aspectos e de suas afirmações de crer no poder de Jesus Cristo, tecnicamente não era cristão segundo a tradição da época, pois não quis se submeter ao batismo.

Para Constantino era cômodo se manter apenas como um simpatizante do Cristianismo, sem ser batizado ele poderia deslizar em sua fé, sem receber condenação por parte dos dirigentes da igreja.

Assista em Vídeo O Impacto de Constantino na Igreja:

Por outro lado, dizer que Constantino foi hipócrita ao se declarar cristão é um erro, uma visão revisionista e anacrônica. Do ponto de vista político a conversão de Constantino ocorreu no pior momento possível. Quando Constantino adotou o símbolo do labarum, ele estava nos preparativos para tomar a cidade de Roma, centro das tradições pagãs, onde seus aliados eram membros de diversas seitas pagãs que se consideravam oprimidos por Magêncio.Constantino

O grau de apoio que os cristão poderiam dar a Constantino era precário, o número de cristãos no exército era pequeno, o número de cristãos ricos que poderia prestar apoio financeiro a Constantino também era pequeno.

O mais certo é dizer que Constantino cria mesmo no poder Jesus Cristo. Para Constantino o Deus dos cristãos era extremamente poderoso que estava disposto a ajudá-lo, na medida em que ele ajudasse os cristãos. Na verdade, Constantino sempre buscou o favor do Deus cristão, não dos cristãos. Esse Deus havia lhe dado vitórias em muitas batalhas, desde que teve o sonho, e até seus inimigos temiam e atribuíam poder sobrenatural ao labarum de Constantino.

Mas Constantino entendia que a Fé em Jesus Cristo não o impedia de adorar outros deuses. Constantino em grande parte de seu governo, pensou que o Sol Invicto e o Deus dos cristãos eram o mesmo ser e que os outros deuses também eram reais  e relativamente poderosos, apesar de serem divindades subalternas e aí fazemos mais um paralelo entre o católico atual e suas venerações aos santos como um tipo de intermediador entre eles e a Divindade.

Constantino consultava o oráculo de Apolo, aceitava o título de sumo-sacerdote de deuses pagãos e participava das cerimônias a esses deuses, sem pensar que assim estava traindo ou abandonando o Deus que lhe tinha dado vitória e poder.

Foi Constantino que trocou o Sábado pelo Domingo?

A igreja Adventista é conhecida principalmente por ter o dia de sábado como o principal dia de adoração e descanso semanal, realizando seu culto principal no sétimo dia da semana. Acusam os cristãos que fazem do domingo o seu dia de adoração e descanso, de seguirem uma mudança feita por Constantino e por Roma papal. Os adventistas utilizam Dn 7:25 como profecia sobre todo esse processo de mudança do dia de adoração que o Papado fez. 

O meu ponto de vista é que o imperador só fez oficializar o que já era praticado inclusive na época dos apóstolos, no chamado Dia do Senhor, vejamos as passagens bíblicas que mostram essa idéia:

“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.” João 20:19.

“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar;” Atos 2:1

“E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite.” Atos 20:7

“Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar”. 1 Coríntios 16:1,2.

“Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta”. Apocalipse 1:10.

Os adventistas contestam que a expressão Dia do Senhor significa o “futuro dia escatológico do Senhor” e não “dia consagrado ao Senhor”[2]. Vejamos então o que o Dicionário Bíblico Wycliffe (2012, p. 551) diz sobre o Termo:

A origem da expressão “dia do Senhor” pode ser rastreada e identificada por sua associação com o dia da ressurreição de Cristo. Esse termo também foi marcado pela aparição de Cristo aos discípulos em um domingo (Jo 20.26) e pela descida do Espírito Santo no primeiro dia da semana (At 2.1).

O Domingo na era patrística

Encontramos uma citação importante de Justino Mártir da meados do  século II  que mostra como os cristãos já se reuniam aos domingos, antes de Constantino ou da Roma Papal:

“E, no dia chamado domingo, todos que vivem nas cidades ou nos campos se reúnem em um só lugar, e os relatos dos apóstolos ou os escritos dos profetas são lidos conforme o tempo permite; então, depois que o leitor termina sua leitura, o que preside instrui verbalmente e exorta à imitação dessas boas coisas”. (Kostenberger, 2014, p.180)A Última Ceia (1519) de Francesco da Santacroce | Tela para Quadro na Santhatela

O adventismo diz que não há nenhuma citação bíblica neotestamentária para aplicar o 4º mandamento ao domingo, mas podemos argumentar que a doutrina da Trindade ou a teoria tricotômica do homem também não têm, mas são inferidas dos textos bíblicos. Além do mais, não há nenhuma prescrição do Concilio de Jerusalém para que as igrejas gentias guardassem o sábado. (At 15. 23-29).

Os pais da Igreja relataram que os cultos cristão aconteciam no domingo, prática também mostrada no próprio Novo Testamento, nas cartas de Paulo, e que a própria Instituição oficial do domingo foi conseqüência natural da disputa que existia no começo da Igreja entre a ortodoxia e cristãos judaizantes que muitas vezes descambaram até para um tipo de agnosticismo.

Portanto, as alegações de Ellen White e de seus seguidores de que o dia de domingo foi uma pura substituição de um dia voltado à adoração pagã para acomodar o paganismo no seio da Cristandade não procede, e não procede mais ainda quando a Igreja adventista exagera tornando a consagração ao sábado como uma questão salvífica e escatológica como tenho visto por aí.

Foi Constantino que criou a Igreja católica?

Não é tarefa fácil identificar o momento certo de sua origem, devido à constante evolução da Igreja Católica Romana. Não restam dúvidas, sendo justo dizer que muito de suas doutrinas e práticas são encontradas na própria Bíblia e no cristianismo do primeiro século. No entanto, o catolicismo romano de hoje, carrega elementos diferentes do catolicismo romano do período medieval.

A igreja Católica Romana inclui em suas atuais doutrinas a infalibilidade papal, dizendo que o mesmo é o herdeiro de Pedro e realiza um ministério ininterrupto em nome dele. Soma-se a isso, a ideia de que a Igreja de Roma deve ser a sede preeminente do cristianismo em todo o mundo latino.Constantino impacto

Com essas doutrinas postas, podemos identificar uma data aproximada da origem da Igreja católica Romana. Por causa do enfraquecimento do governo imperial, devido às invasões bárbaras, os bispos se viram forçados a assumir cada vez mais uma liderança pública. Devido ao prestígio de Roma e a deferência da população à capital, o bispo de Roma (ou papa, como começou a ser chamado), tornou-se o único líder da Igreja Latina, afirmando ser a voz viva de Pedro. Com base nessas considerações, podemos datar o surgimento do catolicismo romano por volta de 500 d.C.

Referências:

História Ilustrada do Cristianismo Justo L. Gonzalez

BIBLIA SAGRADA. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/

JÚNIOR, Ribas Degmar. Dicionário Bíblico Wycliffe.11ª Impressão. CPAD. Rio de Janeiro: 2012

KOSTENBERGER, Andreas J. A heresia da ortodoxia: como o fascínio da cultura contemporânea pela diversidade está transformando nossa visão do cristianismo primitivo. São Paulo: Vida Nova, 2014.

 


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