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Controversia Ariana - Arianismo

As origens da Controvérsia ariana remetem a tempos bem anteriores a Constantino, pois estão implícitas nas Obras de Justino o Mártir, Clemente de Alexandria, Orígenes e outros na maneira como enxergavam a Natureza de Deus.

Diversas vezes, os primeiros pensadores cristãos, no afã de conciliar o cristianismo com a Filosofia Grega, para fugirem das críticas dos intelectuais, chegaram a convencer a si mesmos que a melhor maneira de conceber a Deus era a dos Filósofos e não a dos autores da Escritura Sagrada.

Os Filósofos Gregos concebiam a Perfeição como algo imutável, impassível e estático levando a muitos cristãos a conceberem o Deus das Escrituras Sagradas da mesma maneira. Tudo isso acabou gerando um conflito dentro da Teologia pois o Deus da Bíblia se apresenta de forma Pessoal, ativa, emotiva e intervém na História.

Esse Conflito inicial Teológico acabou sendo resolvido de duas maneiras:

Uma dessas maneiras foi a Interpretação Alegórica das Escrituras.

De acordo com essa Interpretação, sempre que as Escrituras se referem a algo “incompatível” com a Divindade, ou seja, algo incompatível com a visão filosófica de Deus, isto não deveria ser interpretado literalmente, pois um ser imutável não tem características físicas.

Intelectualmente essa visão satisfazia a muitos, porém, emocionalmente criava um vácuo entre a Criatura e um Criador que tinham uma relação íntima de filiação e paternidade e não de impessoalidade.

A Doutrina do Logos

A segunda maneira de resolver esse conflito advém da primeira. Essa segunda maneira era a doutrina do Logos ou Verbo que fora desenvolvida por Justino, Orígenes, Clemente e outros. De acordo com essa Teologia, é verdade que o próprio (Deus – Pai) é imutável, imóvel, etc, mas tem um Verbo, Palavra, Logos ou Razão que é pessoal e se relaciona diretamente com o mundo e com as pessoas.

Justino até diz que o Deus que falou com Moisés (Yaweh) não foi o Pai, mas sim o Verbo. Por influência de Orígenes e seus discípulos esse modo de pensar se difundiu por toda igreja oriental que falava grego e não latim.

Início da Controvérsia Ariana

Esse foi o contexto no qual se desenvolveu a Controvérsia Ariana a longo prazo. A Controvérsia começou na cidade de Alexandria, quando Licínio ainda governava no leste e Constantino no oeste. Tudo iniciou com uma série de desacordos teológicos entre Alexandre, bispo de Alexandria, e Ário, um dos presbíteros de mais prestigio e popularidade na região.

Os pontos em desacordo eram vários e sutis mas o principal deles era a questão se o Verbo era coeterno com Deus ou não. A frase destaque de Ário era: “houve tempo quando o Verbo não existia?”. Alexandre pregava que o Verbo sempre existira junto ao Pai. Ário pregava o contrário. Nesse impasse que parecia bobo, estava implícito a divindade de Jesus.

Ário dizia que o Verbo não era Deus, mas somente a primeira das Criaturas. Os dois partidos tinham certos versículos bíblicos favoritos e argumentos lógicos que pareciam deixar o outro lado sem saída. O conflito se tornou público quando Alexandre apelando para a sua autoridade episcopal, condenou as doutrinas de Ário e o depôs de suas funções na Igreja de Alexandria.

Ário não aceitou sua punição e por sua vez, conclamou as massas e outros bispos que concordavam com ele para protestarem. Houve manifestações em que o povo marchava nas ruas cantando as ideias teológicas de Ário.

Também bispos de outras localidades com quais Ário se correspondia, lhe deram razão e acusaram Alexandre de estar pregando falsas doutrinas. Desta maneira, o debate que começou em Alexandria estava tomando proporções gerais e ameaçava causar um cisma na igreja oriental.

A situação na Igreja estava nesse pé, quando Constantino, que acabara de vencer Licínio, decidiu intervir na contenda. Enviou o bispo Óssio de Córdoba, que era seu conselheiro eclesiástico, para que tentasse uma reconciliação entre as partes envolvidas.

Não dando jeito na situação, Constantino decidiu dar um passo mais ousado que foi convocar uma grande assembleia ou concilio de todos os bispos cristãos, para por ordem na Igreja e para decidir sobre a Controvérsia Ariana.

Mais sobre Ário e o Arianismo

Ário foi um sacerdote em uma das maiores igrejas na pungente cidade Egípcia de Alexandria. Os pontos de vista de Ário foram estabelecidos em sua obra intitulada Thalia (banquete) que não sobreviveu em sua totalidade.

As ideias de Ário são conhecidas principalmente pelos textos de seus opositores. Por conta desse aspecto, não podemos ter segurança plena do Contexto no qual Ário desenvolveu suas ideias. Os Ensinos de Ário podem ser resumidos em três declarações básicas:

1 – O Filho e o Pai não têm a mesma essência (ousia)

2 – O Filho é um ser criado ktisma ou poiema, embora, em termos de origem e grau, ele deva ser reconhecido em primazia sobre os outros seres criados por Deus

3 – Contudo, o Filho ou Logos seja criador dos mundos, existindo, portanto, antes deles e de qualquer coisa, houve um tempo quando o Filho não existia.

Referências do Artigo A Controvérsia Ariana – Arianismo. Quem foi Ário?

História Ilustrada do Cristianismo. Justo L Gonzalez.

Heresia. Uma História em defesa da Verdade. Alister Mcgrath

 

 


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